quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Adoro

Adoro minhas pintas, minha altura e meus seios caídos, como recompensa por amamentar durante um ano e meio uma linda menina; aceito a não-harmonia que existe no todo, porque ela me faz única; gosto dos meus pés magros, dos meus dedos longos, do meu nariz adunco, e dos cabelos bonitos de vez em quando; adoro a assimetria dos meus membros e o fato de eu ser sinistra; adoro as veias que tornam meu corpo grande um mapa com muitos caminhos; adoro minhas muitas cicatrizes, porque me lembram o que já fiz e por onde passei até chegar aqui; adoro a cor da minha pele e o formato dos meus olhos; adoro o estalar dos meus ossos quando ando ou me espreguiço; adoro meus dentes separados e minhas largas ancas; adoro minhas orelhas frias e minha boca costurada; adoro ser um abraço macio e um aperto de mão forte; adoro os pulsos finos e adoro também saber que nenhuma das minhas unhas é igual, ou ainda que meu nariz é torto. Adoro o rubor das minhas faces e a curvatura dos meus cílios; adoro o arquear da minha sobrancelha direita; adoro minha risada extravagante, meu colo e meu olhar.


A beleza está nos olhos de quem vê.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eu tenho uma pereba de estimação, e você?

Tinha uma pereba de estimação; estava há tanto tempo na minha perna, que já fazia parte dela. Ficava na coxa esquerda, do lado de fora da perna. Quando apareceu, ela parecia uma picadinha de mosquito, era um pontinho vermelho, que eu achava que logo iria sumir. O diabo é que ela coçava, e era uma coceirinha tão boa que eu não conseguia resistir.


Coçava de leve, sem enfiar as unhas de jeito, mas a danada só aumentava. Era uma coceira prazerosa, que chegava de mansinho, e não demorava muito pra eu sentir umas fisgadinhas na perna: era a pereba pedindo mais coceira.

Quanto mais eu coçava, mais eu gostava de coçar, e fui me dando conta de que a cada dia, o pontinho ia crescendo um pouco, e ia tomando uma forma engraçada, vermelho e em relevo nas bordas, e no centro ele continuava com a cor da minha pele, meio que parecia o contorno de uma ameba, era arredondado, mas irregular.

Minha pereba-ameba crescia a olhos vistos! E eu tinha orgulho dela, porque apesar de deixar minha perninha feia, ela me distraia bastante, e coçar é tão relaxante! O trecho até rimou para que o leitor possa ver o quanto a pereba me inspirou!

Ela chegou ao tamanho de uma moeda de um real, era uma pereba adulta!

Uma vez procurei uma dermatologista, que me disse que perebas assim exigem uma biópsia, já que as doenças de pele são muito parecidas, eu precisaria de uma para saber o que realmente me assolava, mas a tal biópsia não poderia ser feita naquela hora; exigiria outra consulta, noutro dia.

Até marquei, mas a pereba sumiu. Acabei nem voltando na médica, já que não havia mais pereba para ter um pedacinho seu a ser extirpado. Minha sorte é que ela voltou, instalou-se no mesmo lugar e está sadia como nunca!

Eu a acarinho várias vezes ao dia: quando acordamos eu logo dou-lhe uma coçadinha, e ela sossega. Mas quando faz muito calor, ou quando ela se sente sufocada pela roupa que a cobre, ela me fisga, e então, eu coço. À noite, com os lençóis roçando-a, ela também reclama, e eu a coço dormindo, veja só! O bom é que a coceira é algo instintivo no ser humano, e por isso eu nem preciso pensar muito sobre o que fazer.

Há dias em que a coceira é intensa, e eu penso em largar a mania de coçar a pereba para que ela vá embora, pois várias vezes ela quase se foi porque eu me recusava a lhe dar atenção – sim, se você não coçar sua perebinha de estimação com dedicação e afinco é provável que ela suma de despeito!

Mas quando eu sucumbo à vontade, como alguém que está de dieta e ataca uma barra de chocolates, tenho quase orgasmos múltiplos proporcionados por uma simples pereba! São as sensações mui agradáveis que uma doençazinha ou outra podem nos trazer.

E fica a questão: coçar ou não coçar? Depois de ter minha perebinha de estimação, acho que consigo entender por que os homens sentem tanta satisfação ao coçarem suas bolinhas!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Na rua, por aí, na vida

Acordei com um guardinha me cutucando com o cacetete, ele batia de leve nas minhas costas e dizia: “Vai andando, vagabundo! Lugar de mendigo não é aqui!”. Eu nem olhei pra ele, porque sabe como é, “vagabundo” não tem muita voz, mas eu já fui gente, feito vocês; já tive trabalho, mulher, família...
Às vezes a vida da gente toma um rumo que ninguém sabe porque tomou, e nem culpo Deus porque não foi ele que me deu a bebida na mão. Bebida é uma coisa séria... Lembro que quando eu trabalhava, não ganhava muito, mas pra cachacinha eu sempre tinha um trocado, e quando não tinha, nem esquentava que os amigos da birita pagavam pra mim num dia, e eu pagava pra eles noutro.
O bar ficava perto do trabalho, que não ficava muito longe de casa. De vez em quando a mulher aparecia lá e me enchia de cascudos na frente de todo mundo. Eu amava ela demais, daí nem fazia nada, nunca relei um dedo nela! Deus é testemunha! Mas ela perdeu pra branquinha... que não me dava cascudo, e fazia eu esquecer da vida de merda que eu levava.
A bebida me fez perder o emprego, a mulher, os amigos tudo foram-se embora. O pessoal gosta de cachaceiro que faz social, só no fim de semana, e comigo era todo dia! Toda hora... não tem que agüente isso, mas eu só descobri depois que tinha perdido tudo.
Me afundei de vez quando ela me botou pra fora. Minha finada mãezinha não podia me ajudar; meu pai tava num asilo, porque meus irmãos jogaram ele lá, e se eles jogaram meu pai num asilo, imagina se eles iam pelo menos se dar o trabalho de fazer a mesma coisa comigo?
Filho eu não tive, e agradeço. Viver não é fácil, inda mais com vício, inda mais sem um horizonte pra apreciar... eu não ia querer envergonhar meu filho do jeito que eu me envergonho sozinho. Viver na rua é ainda mais difícil do que só viver. A gente acostuma a pedir esmola, e a gastar o que ganha com cachaça, mas pelo menos eu não uso nada de droga ruim.
A gente aprende a não ligar pra higiene, a mijar em qualquer canto, a pedir banheiro pra lavar o rosto e tomar um banho de gato; a gente aprende a viver só com uma roupa; a dormir no relento, no banco de uma praça, se cobrindo com papelão... daí é que a gente vai ficando invisível pra todo mundo, e com isso a gente não acostuma! Eu sei que eu fedo, mas eu continuo existindo, meu fedor prova isso! Não adianta fechar o vidro do carro ou passar reto na rua, porque eu continuo existindo, e marcando meu território onde eu posso, porque a rua não é de ninguém.
Na rua não tem camaradagem, não! Tem os pilantras que ficam tentando roubar você. Só tive um amigo na rua, o Mequetrefe, era um cachorro que fedia tanto quanto eu, acho que por isso ele veio atrás de mim, uma vez que eu tava passando perto do mercado público, nunca mais a gente se largou. Aquele era amigo! Passava fome junto comigo, e por isso, às vezes eu não tomava uma pra dar uma comida qualquer pra ele. A gente dividia lanche de padaria, resto de comida de restaurante, até lixo a gente comia quando a coisa apertava.
No dia que ele morreu... (pausa)... no dia que ele foi atropelado por um caminhão... (pausa)... eu chorei muito! Ele tava andando no cantinho da rua, mas o caminhão não teve pena! Deu nele, passou por cima do bichinho, ele nem viu nada! Foi direto pro paraíso dos animais, e eu espero que ele teja bem feliz lá, do mesmo jeito que eu espero ir pra lá logo, porque aqui, nós dois somos invisível.
Mas eu acho que eu vou pro inferno, já que eu sou bêbado, vagabundo, larguei a vida boa que Deus tinha me dado, e nunca mais quis voltar pra ela por causa da cachaça... Nem sei se é desculpa minha de medo de olhar pra trás... Começar tudo de novo dá muito trabalho... e a cachaça é tão boa...

sábado, 22 de agosto de 2009

Viver para quê?

Acho que todo mundo que está vivo, em algum momento de sua vida já pensou em morrer...

Acho que não existe ninguém que não tenha sentido medo, ou não tenha sentido o peso de viver pressionando sua alma tão fortemente a ponto de achar que a única alternativa razoável parecia ser dar um fim a tudo.

Você já pensou em morrer?

Lá no fundo, depois do fim de um namoro, de um casamento, depois de romper um caso, depois de ser despedido, de não ter sido promovido, de ter tirado uma nota baixa, de ter brigado com os pais, de ter sofrido um acidente que não te permite mais ser como antes, depois de ter engravidado do cafajeste, depois de ter feito um aborto e ter-se arrependido, depois de desapontar alguém, ou depois de pensar que você é um fracassado, que não tem perspectivas, que nada dá certo, que a vida é só uma sequência de acontecimentos desagradáveis que te diminuem a cada dia, e então você percebe que viver não vale mais a pena.

Você já teve um rompante desses pelo menos uma vez na vida, não?

O bom é que a nossa energia vital, geralmente, é muito maior do que qualquer vontade de bater as botas. A gente se sente melancólico, mas sempre consegue ver algo bom pelo que viver, mesmo que seja um sentimentozinho de vingança, digamos assim... Por exemplo, se o seu namorado te largou por uma garota que tem tudo para traí-lo, você tem que estar viva para vê-lo se estrepar! E o princípio é esse.

Mas tirando os motivos vingativos que nos mantêm vivos depois de uma bordoada da vida, a gente acaba aprendendo que sofrer nunca é demais! O ser humano tem enorme capacidade de estar em situação ruim, e ainda assim conseguir enfiar-se em situação muito pior!

Então a gente acaba aprendendo que pode suportar muito mais do que apenas um divórcio, uma falência de empresa, um filho apenas com uma mulher que você mal conhece, um ano a mais na universidade... A gente percebe que pode casar-se mais de três vezes, falir mais de quatro empresas, ter mais de cinco filhos de mulheres diferentes, e para deixar de ser burro e contribuir com a criação das crianças, você pode e deve pagar pensão a elas; você ainda pode jubilar na universidade, porque os anos nela não são incontáveis como os prejuízos que temos ao longo da vida.

E assim vamos vivendo...

Todo mundo passa por uma crise existencial de vez em quando, se você passa de vez em sempre, procure um médico! Mas se são aquelas crises que se apresentam sempre que você está diante de um dilema, não é de todo mal. Afinal, às vezes, quando estamos em crise pensamos mais, ruminamos mais o assunto, e daí, talvez você não faça uma cagada muito grande.

Apesar de às vezes a vida ser uma merda, é melhor continuar a vivê-la, porque ela só depende do rumo que NÓS lhe damos, ao contrário do além... Quer dizer, se você é cético e acredita que tudo acaba por aqui mesmo, se matar é burrice, porque você está desperdiçando sua vida com o nada que existe depois dela. Mãããs, se você acredita em Deus ou qualquer outra forma mais iluminada de ser existente, seja lá qual for sua religião, todas concordam que se matar não é legal, e que você pagará por querer dar uma de Deus, indo para o inferno, limbo, umbral ou ainda reencarnando como uma formiga, então não faça isso!!!

Vivendo a gente aprende muito. Aprende que existem os filhos da puta, que existem as pessoas legais, que existe a mega-sena! – e que você pode sonhar mudar de vida toda a semana - , aprende a tomar decisões, aprende que a família não é tudo aquilo que você esperou que fosse, mas ela também pode ser muito mais! Aprende que existem amigos, mas não muitos, aprende que você vai se ferrar muitas vezes, provavelmente mais vezes do que vai se dar bem, aprende a ter responsabilidades, aprende a perdoar, a ser indiferente, a amar incondicionalmente, aprende que se não morre por uma decepção porque somos muito, muito mais fortes do parecemos ser.

Vale a pena viver para se conhecer mais, para saber mais quem somos, o que queremos, e quais são os nossos meios de chegar lá. Lá aonde? Não sei, mas a gente sempre segue em frente, já que o tempo não anda para trás. Com os erros, a gente vai aprendendo, e não errando tanto, melhorando, se bem que tem gente que adora errar! Fica no mesmo passo por anos, enfim.

Vale a pena viver para ser melhor, não por fora, seja mais virtuoso! Não perfeito, porque todo mundo erra, mas buscar mais virtudes em nós e nos outros já é uma grande razão para continuar vivendo, apesar de tudo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O amigo mais perigoso

Quando fomos apresentados pela primeira vez, ele nem era de verdade. Era um cilindro de madeira, coberto com um papel que imitava um cigarro, daqueles com filtro cor de caramelo. Não lembro como apareceu na nossa casa, nem como, tempos depois, ele sumiu, mas a primeira vez que peguei um cigarro, esse, que era de mentira, eu devia ter uns cinco anos.

Eu o levava no microônibus da escola, e o exibia para a minha coleguinha de poltrona, como se o fumasse de verdade, achava o máximo!

Essa é a primeira lembrança que eu tenho sobre cigarros, e sobre o fascínio que eles começaram a exercer sobre mim, e, imagino que sobre muitos dos que fumam hoje.

O curioso é que minha mãe nunca fumou, e meu pai, que eu saiba, fumava, mas depois que eu nasci, ele largara o vício sem recaídas. Não creio que cigarros tenham muito a ver com educação e exemplo, mas com o status que ele pode proporcionar, pelo menos no início, porque depois a relação fica tão íntima, que você e ele tornam-se inseparáveis, e o cigarro vira uma muleta para uma pessoa que não tem qualquer deficiência.

Mais tarde, ainda na infância, com uns dez anos, talvez um pouco mais ou um pouco menos, eu pegava folhas de caderno, dobrava-as, colava suas pontas e queimava-as, como se fosse cigarros acesos. Fazia, então, uns cinco cigarrinhos e fingia fumar na frente do espelho. Nas encenações, sozinha, com meu “cigarro” na mão, eu era sempre mais velha, e geralmente eu era um personagem com problemas emocionais, que fumava sob o pretexto de alguma grande preocupação com alguém que não existia. O cigarro era um elemento de glamour, que me tornava uma mulher mais interessante, mais misteriosa... Isso numa cabecinha de 10 anos.

Quando estava perto de fazer doze anos, uma tia minha que fumava, e que por isso, eu a achava super sofisticada, nos visitou, ficando uns dias conosco, e claro que ela fumava na nossa casa. Quando minha mãe e ela saíam, eu pegava as baganas de cigarro que ficavam no cinzeiro, as acendia, e fumava o filtro, então! Pois não sobrava mais do que meio centímetro de fumo naquilo, e essa provavelmente foi minha primeira experiência com cigarros, ou com o filtro deles.

Com quatorze anos, quando eu ia às boates, eu fumava também. Só por esporte, só para ajudar a manter o ambiente da casa noturna com a névoa típica advinda de gelo seco e cigarros. Era só aos finais de semana, e mesmo assim, muito de vez em quando, porque não era em toda festa de boate que eu podia ir com quatorze anos. Eu fumava porque achava legal, eu sequer sabia tragar... Guardava a fumaça na boca e soltava, era esse o processo.

Aprendi a fumar de fato aos dezesseis anos. Aprendi a tragar, beber, fumar maconha de vez em quando, e aprendi também um monte de coisas – merdas – que a gente faz quando quer fazer parte de um grupo, ser aceito, admirado. Hoje eu sei que o cigarro passava a impressão de que eu era descolada, “prafrentex”, sem limites, sem regras, e afinal, era isso que eu queria que pensassem de mim, e eu consegui.

Hoje eu não faço mais as merdas que fazia na adolescência, mas o meu cigarro ficou, continuou comigo, o cigarro me acalmou inúmeras vezes, fez eu me sentir mais confiante, mais interessante, mais tranqüila. Em resumo, eu pude contar com o cigarro quando eu estava totalmente sozinha, ele me era um alívio, e nunca reclamou de nada.

Fumo mais agora do que no início derradeiro, mas fumo muito menos que bastante gente. Sei que fumar é uma merda, que no fim das contas as únicas coisas que você ganha, além do apelido de chaminé, é um bafão, e roupas e cabelos com cheiro de boate durante a semana inteira, e não só nos finais dela, mas acredito que a culpa não seja do cigarro, e sim nossa, porque somos nós que os fumamos, e não o contrário.

Fumar não é atitude mais esperta que uma pessoa pode ter, isso é certo. Mas é certo também que é uma escolha, assim como todas as outras que fazemos na vida, e como as outras, fumar traz conseqüências. Enfim, continuo fumando, e mesmo sabendo que não é o melhor caminho, odeio gente que vem desfiar sermão sobre quem fuma.

Esse papo de fumante passivo, não polua o ar que eu respiro... Vão todos à merda!

Eu tenho asma, fumo desde os dezesseis anos e estou aí. Não estou dizendo isso como forma de me vangloriar, mas sim de mostrar que eu sei dos riscos, e sei há bastante tempo, e resolvi assumi-los, e isso não é da conta de ninguém. Então, se alguém vier falar sobre coisas que meus pulmões já estão pretos de saber... Caia fora!

Cada um na sua... Tem gente que trepa, tem gente que fuma, tem gente que come, tem gente que chora, tem gente que dorme, tem gente que finge, tem gente que bebe, tem gente que cheira... E tem gente que faz tudo isso ao mesmo, mas não necessariamente na mesma ordem. Tem gente que faz e finge que não faz... E isso é bem pior do que fazer e deixar que todo mundo fique sabendo...

Espero que a minha história sobre o cigarro tenha inspirado os adolescentes a começarem no vício o quanto antes... huauhuahuahua... Brincadeira!

Espero que cada um saiba o que faz, e que de preferência escolha para si o que for melhor, e não acho que o cigarro esteja na lista das boas opções, assim como fazer “merda”, porque fazer “merda” é de uma generalidade que se você fizer muitas, vai lembrar-se delas para sempre!

Chega de sábios conselhos da tia fumante que engravidou com dezoito anos.

Bai bai...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Dormir... Ah, dormir...

Não é só um verbo bom de praticar, trata-se também de um pecado capital, porque no meu caso, dormir tem - e muito - a ver com preguiça, e confesso: sou pecadora, mas não me arrependo! Porque dormir é meu esporte favorito!

Quando lá fora faz calor, dá moleza, leseira, preguiça; nada melhor do que dormir até o bafo desértico que suga suas energias, passar.

Quando lá fora faz frio, com chuva, vento, raios e trovões dá a sensação de que baixou em você, e no resto do povo que decide não sair de casa, o espírito do sábio urso marrom das florestas temperadas americanas: você só pensa em hibernar... Esquentar os pés, as orelhas, o nariz, porque tudo gela, mas a sua cama é uma cripta de descanso eterno, é a bolsa da mamãe canguru, que oferece um canto quentinho para você se aboletar.

Quando você está de bucho cheio, nada melhor do que dormir! Até porque boa parte do seu sangue vai para o estômago e intestinos trabalhar duro na digestão – porque alguém precisa trabalhar – . Enquanto isso, você descansa, e enquanto você descansa, a comida “baixa”, e você já pode ir sonhando com a próxima refeição.

Quando você está com fome, pode ir dormir também, mas recomendo que coma antes... Aliás, comer é outro grande pecado, que será discutido em ocasião oportuna.

Quando você está cansado, como você descansa? Há pessoas anormais que descansam fazendo coisas, atividades, que absurdamente só cansam mais ainda o ser cansado. Veja, há pessoas que quando cansadas bordam, assistem tevê, transam para “relaxar”, tomam banho, bla bla bla... É tudo conversa de gente que ainda não descobriu as maravilhas de dormir!

Quando você está deprimido e quer se isolar das querelas da vida, imaginar um mundo melhor, poder sonhar com situações mais felizes (aquele professor que você odeia morto, seu trabalho feito, você no salão fazendo escova progressiva, seu time de futebol ganhando a final do campeonato, ou ainda sonhando que o Michael Jackson não morreu), o que você faz? Você dorme! Porque dormir é criar um mundo de possibilidades remotas... Nos seus sonhos distantes!

Dormir é uma das atividades mais completas que existe! Pense comigo: quando você dorme não gasta dinheiro, não se incomoda com ninguém, queima calorias, descansa, alivia a cabeça, pode sonhar que está pegando qualquer estrela de Hollywood, e melhor, dependendo do seu ritmo de vida, pode fazer isso várias vezes ao dia, mas se não der, não se preocupe, porque toda noite é um mar de possibilidades novas para o seu corpo sedentário!

Dormir é um ato que nos leva aos prazeres mais inconscientes... Se não dormimos, não sonhamos, nem liberamos tudo o que carregamos ao longo do dia. Descarregamos tensões, aliviamos angústias, revivemos bons momentos, e vivemos outros que, de verdade, nunca aconteceram; reencontramos pessoas queridas, outras nem tanto; encontramos gente com as quais nunca havíamos “sonhado” encontrar antes; podemos voar, matar zumbis, ser perseguidos, ter fortunas e nenhuma ideia de como gastá-las; em nossos sonhos temos a possibilidade de morrer e continuar vivos.

Tudo é tão real... Mas de fato é tão rápido quanto um piscar de olhos, e quando você percebe sua mãe está gritando nos seus ouvidos: “Porra, não vou mais mandar você levantar! Já são 7h30!” Toda aquela delicadeza maternal faz você lembrar que está na hora de acordar, e só de pensar que você é só um entre outros milhares que terão mais um dia maravilhoso de rotina estressante no trabalho, escola, curso, academia, banco, restaurante, estacionamento, mercado, fila, trânsito... E que quando chegar em casa precisará levar o cachorro para passear, o lixo para fora, discutir o casamento com o marido, mandar o filho limpar o chiqueiro do quarto dele, lavar a louça de três dias que está na pia, fazer a janta, arrumar as roupas para usar amanhã, tomar banho, depilar o sovaco, passar creme anti-rugas e ainda estar lépida e faceira, de pernas abertas esperando seu marido te comer... É... Acho melhor você ir dormir de novo!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

sonho com o pai

Só para registrar, ontem sonhei com meu pai.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

perdida na vida, parte I

Olá, blog!

O aniversário foi muito bom! apesar de muitas pessoas não terem ido, por motivos diversos, quem estava lá valeu por tudo! Comilança, choradeira, risadas, bebedeira... O Cau e a Alice ficaram até o final, junto com os meus anfitriões, que foram mais do que queridos comigo!

O melhor de tudo foi ver um pouco das pessoas que são importantes pra mim juntas, mesmo que elas não se conheçam, não tenham muito o que falar uma com a outra, pra mim foi muito bom!

Juntar minha família, uma parte dela, e passar meu primeiro aniversário junto com eles, foi um recomeço... estamos sempre recomeçando, desde que estejamos dispostos a isso. Eu estava, eles também, e acredito que meu pai ficaria muito orgulhoso!

De acordo com o último livro que meu pai leu, "A Arte de Viver", de Epiteto, existem coisas na nossa vida que estão sob o nosso controle, mas existem outras sobre as quais não podemos fazer nada. Então, o melhor a fazer é preocupar-nos com o que podemos mudar, e não com o que não podemos.

Eu não poderia mudar minha relação familiar sozinha, mas eu dei o passo que eu poderia dar, e eles idem, porque estavam dispostos, e assim conseguimos mudar um passado de estranhamento que havia entre nós.

Hoje, sou muito mais feliz por isso, com certeza, porque eu sei que não estou mais sozinha na cidade, tenho pra onde correr, apesar de poder perceber que todas as pessoas que estavam na minha festa, são tão cúmplices minhas pra qualquer coisa quanto a minha família... mesmo assim é bom saber que não sou mais uma estranha no ninho.

Estamos aí!

Formada, perdida, sem emprego... por favor, alguém me arranje um emprego! Fumando demais... - ainda bem que os cigarros acabaram, não quero mais comprá-los - comendo parte do balde de docinhos remanescentes da festa, dormindo horrores! Não consigo fazer muitas coisas com esse frio que congela meus pés, meu nariz, minha bunda!

Assistindo a muitos seriados, pensando em viajar, pensando no próximo passo... que eu espero ter muita persistência para dar...

Falando sério, sabe como eu queria que fosse?
- Alô!
- ZzzZ... Alô... ZzzzZ
- Dona Karla, parabéns!
- Parabéns pelo quê?
- A senhora dormiu 12h de ontem para hoje, por isso ganhou o bônus de R$ 2.000,00 além do seu salário de R$ 5.000,00 habituais por dormir 10h por dia!
- Obrigada... Agora deixe-me voltar ao trabalho! ZzzZZzZZzzZzZzzz...

Podia ser assim, né? Eu seria riquíssima! E fazendo o que eu gosto! =P

sábado, 25 de julho de 2009

Feliz Parte I

Depois da deprê pré-aniversário...

Ressurjo, achando-se-mi a mim mesma! heheheh

Ontem, a formatura foi super demais! Eu estava muito alegre, feliz, palhaça... consegui não chorar, pensando nas coisas boas, e foi muito bom. Não estavam todos, mas quem foi, fez muita diferença!

Depois, colocarei os vídeos no YouTube.

Foi tudo muito rápido e indolor. Formatura em gabinete, sabe como é... nada de papo furado ou enrolação, foi pá pum! Em menos de meia hora, estávamos todas formadas!

Depois, pizza, e parabéns cantado para mim e mais 3 pessoas que também faziam aniversário, e que estavam comemorando ali...

Comer até morrer!

Duas cestas de café da manhã, uma da Adrizoca e familhoca, e outra da Brognoli, que me deixou super feliz, pois foi muito gentil da parte deles, e depois ainda me telefonaram. É por esse tipo de tratamento que fazemos bons negócios!

Ontem, senti-me importante mesmo!

E eu sou, olha que eu sei que sou!

Essa formatura me deixou muito exibida, mas fazer o quê? A gente não se forma todo dia! hehehe

Hoje à noite, felicidade parte II.

Festa de aniversário e de formatura!

WêEêêeêêêEêEêEê^!!!!


P.S.: Desculpem pelo post mal-escrito, mas a felicidade não permite que eu concatene as ideias com muita exatidão. =P

terça-feira, 21 de julho de 2009

Casa arrumada, coração despedaçado por tudo

A dor nas costas voltou, estou menstruada e com cólica, com sono interminável, mas consegui acabar de ler um livro, triste, mas bonito, lembro ainda mais da minha mãe. Ontem foi aniversário dela, eu escrevi uma carta, pedi que a Ana fizesse um desenho, compramos um presente e mandamos por sedex. Não sei se ela vai receber, não sei se vai gostar, não sei se vai responder, e meu coração continua apertado...

O dia do meu aniversário está chegando, e eu só queria ir para Marte... Minha psicóloga diz que é normal a gente ficar meio assim perto do aniversário.

Só queria notícias...

A Ana está muito carinhosa, e acho que devo aproveitar isso antes que ela cresça e me odeie, como fazem os adolescentes, e espero que volte a amar como agora quando crescer.

Tô tão triste, e só espero que a minha mãe não morra antes que eu possa dizer que a amo.

domingo, 19 de julho de 2009

eu quero uma casa no campo

Dias depois de muito dormir, comer e afins, volto para a realidade...

A gente tem que acordar, não? Adianta continuar acreditando no coelhinho da páscoa, mesmo sabendo que ele não existe? Acho que não... Quando se é dispensado por uma mentirinha eventual, que não é eventual, mas sim frequente, a gente percebe que importância tem, ou não, para os outros.

É hora de tomar atitude. Na hora dói, depois passa. Sejamos tão egoístas quanto os outros. Na verdade, pensar em mim mesma não me torna egoísta, então...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

férias?

Acabando de arrumar as coisas para ir para o sítio do Calo e da Adri.
Cinco dias de muita agitação e loucuras em Varginha - aham, que vê, pensa - tah, não haverá loucuras, só o culto à natureza, muita comida, muita vadiagem e vídeos engraçados provavelmente.

Domingo eu volto, para daí ficar maluca com a semana da colação e do aniversário... tô ansiosa porque nunca tinha feito uma festa festa festa, e mesmo sabendo que não vai ser A festa, vai ser muito mais do que eu já fiz em qualquer tempo...

E as pessoas que eu gosto e que são importantes para mim estarão lá, e é isso que me deixa mais feliz! Espero que todo mundo se divirta h-o-r-r-o-r-e-s!!!

É isso, vou acabar de guardar bagulhinhos aleatórios em malinhas...

Para quem fica: até a volta!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

=DDD

A cada dia um pouco mais perto, meu dia!

Vou fazer 25 anos, e penso que sou nova, mas ao mesmo tempo não sou mais uma adolescentezinha, sou uma jovem adulta, com responsabilidades de adulto maduro, hehe, e isso é meio ruim porque tenho a impressão de que quanto mais crescemos, menos podemos mostrar quem realmente somos.

Temos que ter mais maneiras, mais trato com os outros, menos explosões, mais paciência, mais seriedade... isso é um saco! Ser adulto parece querer dizer: não seja espontâneo, não sorria para desconhecidos, não arrote em público, seja educado, demonstre força e responsabilidade, bla bla bla...

Tão bom ser criança!

Mas tudo bem, vamos seguindo porque cada minuto a mais é um minuto a menos...

Feliz porque está praticamente certo que minha colação de grau será no dia do meu aniversário, e isso deve querer dizer alguma coisa boa!

Feliz porque no 2° semestre, passo pra outro nível do meu inglês, tendo ontem, na prova oral recebido elogios do professor, segundo ele eu falo bem, perguntou até se eu estava no livro certo, hehe, fiquei me achando, sem modéstia!

Enfim, feliz!

domingo, 5 de julho de 2009

Medo do bicho-papão?

Eu sempre gostei de filmes de terror, e em grande parte influenciada pelo meu irmão, Felipe. Os filmes de terror sempre exerceram um fascínio enorme sobre mim. O medo que causam, a náusea, o horror. A morte está sempre tão perto, e fazendo parte do ciclo da vida é triste que a vejamos como um fim, como a prova cabal de que somos frágeis e finitos, de que vamos acabar algum dia. Sentir-se vivo, é pra isso que existem os filmes de terror? Para que nos sintamos vivos, para ver que poderíamos ser os próximos, para mostrar o quão doentia pode ser a mente humana, e o quanto de dor ela é capaz de infligir?

Ok, tirando a parte mais drástica e subjetiva, eu nem lembro quando comecei a ver filmes de terror, mas é provável que o primeiro tenha sido Hellraiser, eu tinha 5 ou 6 anos, meu irmão tinha 4 anos a mais que eu, e adorava essas coisas. Eu assisti o filme de gaiata na história, e apesar de hoje, já tê-lo assistido inúmeras vezes, a cena de que me lembro na época, é a do personagem Frank voltando do inferno, sem pele, com todos os músculos e veias à mostra, isso pode ser realmente traumatizante para uma criança, e por um tempo, certamente, foi.

Depois disso, vieram os filmes do Brinquedo Assassino, que me deixavam de cabelos em pé! Ops, acabo de lembrar que antes de Hellraiser, Freddy Krueger já me assombrava, pois assistíamos a sua série no Cinema em Casa, que muito antigamente passava à noite. Eu tinha tanto medo das garras de aço, que sempre que ia sair da cama, não colocava os pés diretamente no chão, eu pulava da cama para o chão, a uma distância relativamente segura, que garantisse que o Freddy não me puxaria para debaixo da cama.

Durante o dia, conseguia olhar olhar debaixo dela, e ver que não havia nada ali, mas à noite, tudo mudava. Eu tinha medo de ficar sozinha no escuro, mas não era um medo histérico, eu não gritava, pelo menos não para fora, mas por dentro milhões de coisinhas sinistras passavam pela minha cabeça, avisando que alguma coisa estranha aconteceria no próximo minuto, mas depois que a vista se acostumava ao breu, e sempre havia uma claridade que me deixava enxergar os contornos dos móveis, eu me aquietava.

Já vi incontáveis filmes de horror, desde os mais "trash" como Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, que é um clássico desse gênero até o mais horripilante ever, sem comparações, O Exorcista, que eu também assisti pela primeira vez ainda muito nova, mas que até hoje me causa repulsa e medo, por todo o contexto. Quer dizer, já o assisti umas vinte vezes, já vi seu making of, já assisti a todas as continuações, conheço-o de cabo a rabo, e mesmo assim, de alguma forma ele me apavora, e por isso tenho enorme respeito por esse filme.

Hoje em dia, bem, hoje em dia é difícil eu assistir a algum filme que me apavore. Há bons filmes, com bons sustos, mas nada muito profundo.

É engraçado falar sobre isso enquanto estou sozinha, vou dormir sozinha... Acho que começo a exorcizar meus próprios demônios, porque é como minha mãe sempre disse: não devemos ter medo dos mortos, e sim, dos vivos. São pessoas de carne e osso as que podem nos fazer algum mal. Os mortos descansam, ou não.

sábado, 4 de julho de 2009

Talvez, o último depoimento

Nunca pensei que o rumo de minha vida mudaria tão de repente, e de maneira tão grotesca que nem sei dizer o quanto.

Precisava comprar papel higiênico. O último rolo acabara há pelo menos dois dias, mas evitando os supermercados, estávamos usando o rolo de guardanapos. Então naquele dia de sol repentino no inverno frio, resolvi ir até o mercado.

Entrei no carro, o mesmo CD tocava pela milhonésima vez, mas eu continuava a cantarolá-lo. Até aí, tudo bem. Pensava na vida enquanto dirigia o carro no "automático". Foi quando olhando para as pessoas que passavam pela rua, surgiu um homem de bermuda, segurava uma camisa vermelha no ombro, e andava desengonçado pela calçada, mas não era um desengonçado qualquer, ele andava de forma realmente sinistra, mas isso passou batido - pensei ser somente um bêbado caminhando numa manhã de sábado - até que o tal homem agarrou uma senhora que andava perto dele, e começou a mordê-la! O sangue começara a lhe escorrer do seio, e ela em pânico pedia ajuda. Outros transeuntes vendo a cena bizarra agarraram o homem que conseguiu se esquivar, apesar de sua magreza e aparente fragilidade corporal. O sujeito, então, mordeu igualmente os outros dois homens que tentavam, em vão, apartá-lo da pobre senhora. Era tanto o sangue que escorria e banhava a calçada de perdrinhas brancas, que fiquei realmente chocada!

Mas tudo acontecera muito rápido, isso aconteceu no instante de um sinal fechado, que quando abriu, eu só queria estar longe dali, mas minha curiosidade mórbida, fez com que eu desse a volta na quadra, e quando eu voltei à cena novamente, policiais que caminhavam por ali tentavam conter o homem. Ouvi o barulho de sirenes se aproximando... o homem fora algemado, mas a senhora agonizava no chão sem que muito pudesse ser feito por ela.

Quando a ambulância chegou, deram-na como morta, e os outros dois homens que também haviam sido mordidos pelo sujeito pareciam agressivos. Uma multidão formara-se em volta do circo de horrores. Enquanto moviam a velha numa maca, ela segurou com força o braço do socorrista, numa cena de filme de zumbis, e foi só então que eu percebi que era disso que se tratava tudo: zumbis!

A carnificina estava feita. Muitos gritavam, assustados, e sem entender o que se passava. Outros saíram correndo para não ter que ver como acabaria a história, e eu sou uma dessas pessoas.

Vim para casa, tranquei tudo e liguei a TV. Nos jornais disseram que a tal nova gripe parece sofrer uma mutação que deixa pessoas infectadas por ela violentas e sedentas por sangue e carne humana... e tudo isso aconteceu hoje, aqui no Kobrasol.

Consigo ouvir pessoas gritando pelas ruas, e sirenes incessantes a todo o momento. Sempre quis fazer parte de um filme de zumbis, mas não queria ser eu, um deles.

Estou com medo de sair de casa, mas assim que conseguir suprimentos, vou subir para o salão de festas, e esperar pelo pior. A todos que por ventura aqui aparecem, saibam que o apocalipse está aí na rua, acontecendo nesse exato momento, e eu nunca pensei que viveria para vê-lo.

Adeus...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nostalgia

Ando nostálgica...
Quanto mais o tempo passa, mais procuro recordações que me lembram tempos felizes, diferentes... Não que os dias presentes sejam ruins, são de independência e aspirações, mas se acaso tivesse consciência da efemeridade dos momentos passados, talvez fossem eles mais aproveitados...

Ontem fez oito anos que meu pai morreu... numa segunda-feira à tarde eu soube, e ele já estava sendo enterrado. Quantas perdas a vida nos reserva? Com o tempo perdemos tudo, até mesmo as recordações...

Olho para uma de minhas únicas fotos quando pequena, vestido branco, de chapéu - eu adorava chapéus - e de sapatos vermelhos... ainda lembro de ser brava e voluntariosa já naquela época... meu rosto na foto é confuso, como a vida.

O que nos nos reserva o tempo? Cura de mágoas, de arrependimentos... Definitavamente crescemos com nossos erros, aperfeiçoamos nossas escolhas... Olhamos para trás e rimos ou choramos, ainda assim, vamos vivendo.

Além da nostalgia, a melancolia tem me acompanhado, o choro fácil, a emoção repentina... Tudo tem afetado o corpo que envelhece a cada dia... Orgulho das melhores coisas - Ana -, saudades das relações mais difíceis - com a minha mãe - ainda procurando o sentido do rumo que a vida toma... Saudades dos tempos em que todos éramos felizes, pelo menos momentaneamente, juntos, todos nós, juntos, mesmo aqueles que não fazem mais parte da vida atual porque quem em algum momento fez parte disso tudo, de toda a história, sabe que certas coisas ficam para sempre... ou talvez não...

O ombro amigo, o conselho dado e recebido, as conversas intermináveis, gargalhadas pela madrugada, cinzeiros repletos, ruas de cima, descobertas, desilusões, brigas e adolescência, choros e birras, escândalos e discussões, abraços e soluços, paciência, muita paciência...

Crescer de repente, ter alguém que depende inteiramente de você, que te cobra, que te irrita, mas que você ama infinitamente, e sempre chora quando vê que está crescendo...

Apesar de não saber quem eu sou, ainda, sei que tudo, tudo pelo que passei, com quem passei, como passei, quando passei, tudo isso me fez melhor... mas ainda há tanto chão, tanto caminho, tanto pelo que viver que me sinto cansada...

Cansada, mas a gente continua, para alguém que fez parte disso, a gente continua, de um jeito que talvez nunca saibamos, porque o impacto e a presença que temos nas vidas de algumas pessoas pode ser enorme e marcante, um pequeno momento, um gesto simples, algumas palavras fazem com que nos tornemos eternos para alguém...

O que aprendemos, o que ensinamos, mesmo que através de nossos erros, sempre há uma lição, uma ideia, uma intenção, pois não escrevemos apenas a nossa história, também fazemos parte da história de muitos... mesmo que um dia isso se perca, houve um momento em que pensávamos que duraria para sempre.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Hello!!!

Minha dor sacral persiste, mas agora com menor intensidade...

Tudo o que se referia à universidade, acabou (!), e eu me formarei, provavelmente, em agosto.

Sinto-me estranhamente bem... e tenho razões para isso!

Um objetivo da minha vida foi atingido, e já que são os objetivos que nos dão sentido de viver, falta-me atingir muitos outros!

Uma etapa da minha vida acabou, minha primeira fase de crescimento efetivo foi há 3 anos, e de lá pra cá muitas, muitas coisas mudaram, e hoje apesar de me ver "sozinha", sem pai nem mãe, apesar de estar por minha conta, e isso de certa forma me deixa triste, porque eu sinto falta da minha mãe, falta de colo, falta de preocupação... às vezes eu sinto como se ninguém se preocupasse comigo, só a minha mãe fazia isso, e agora, nem nos falamos... enfim, apesar de tudo isso, eu sinto mais forte o controle da minha vida nas minhas mãos, e isso não pode ser considerado de todo ruim.

Eu decido por mim, não me deixo levar pelas opiniões dos outros, porque hoje, eu tenho relativa experiência de vida, afinal mês que vem eu completo um quarto de século! Não sou A sábia, mas da minha vida ninguém sabe mais do que eu.

Tudo o que passei, de bom e de ruim está aqui comigo, e quanto mais eu vivo, mais procuro me policiar sobre o que é melhor pra mim, o que eu ganho com certas atitudes e o que perco com elas.

Fui humilde pra tentar retomar amizades, mas se não a aceitam, paciência... continuo aqui, aberta a qualquer coisa.

Esse ano ainda há de ser um dos melhores! Não o terminarei sem um emprego e mais conquistas, com mais equilíbrio e menos peso - nos dois sentidos -, mais serenidade, espero, e muitos novos planos!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Por que será que isso acontece?

Por que será que Deus junta um monte de pessoas que provavelmente nunca se viram, e coloca todas num avião que nunca vai chegar aonde deveria?
Só pode ser vontade de Deus, quando ele chama, não tem como não responder a isso...

Mas eu tô realmente agoniada por causa desse avião que desapareceu... duzentas e poucas pessoas que nunca vão voltar pra casa...

Desaparecer... tomar chá de sumiço... espero que tenham paz... e que não sofram como os familiares e amigos devem estar sofrendo...

=~~

sexta-feira, 29 de maio de 2009

final de temporada no seriado "a vida de Karla"

Nem acredito que amanhã é meu último dia na Unisul... último dia... depois de pouco mais de quatro anos, missão cumprida. Esse foi um dos "feitos" da minha vida, o fim de um ciclo se aproxima, e isso me deixa muito feliz!!!
Foram quatro anos de aprendizado, apesar de eu achar que ainda tenho muito³ a aprender, mas sempre dizem que a gente aprende mesmo é na prática.
Remanescentes da turma original: 5 alunos, de uma turma que no primeiro dia tinha cerca de 52...
Somos os espermatozóides que chegaram ao fim da corrida! Somos vencedores!!! =D

Amanhã, show do namorado na UFSC, praia do sonho, dois aniversários no fim de semana, sendo um deles o do meu companheiro de jornada, Cau.

Feliz... porque a vida segue, e a cada dia melhor!

Obrigada, Deus!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

...

Hoje de manhã, dirigindo, senti que me veio um estalo sobre a sessão com a minha psicóloga, pensei que não esqueceria, porque parecia muito evidente, mas eu esqueci... porém só o fato de algo ter se elucidado sobre mim mesma, já fico muito feliz! Perceber do que sou feita, e como isso me afeta é realmente interessante.

Talvez a consciência tenha esquecido, mas lá dentro eu montei mais um pecinha do meu quebra-cabeça, e não vou esquecer, porque saber mais sobre quem eu sou é uma das razões que me trouxeram até aqui, e a cada dia, sabendo um pouco mais, irei tão longe que ninguém pode saber o quanto, só depende de mim.

Estou trabalhando nisso, orando e vigiando...

domingo, 24 de maio de 2009

this fucking pain is killing me!

Merda, quase 6h da manhã e eu não consigo dormir, depois de ter acordado às 2h.
Minha lombar continua latejando... fui ao médico, que me mandou fazer um raio-x da lombar... não fiz ainda, mas fico achando que vão encontrar um tumor pressionando minhas vértebras, e eu não tô brincando...

Dor dilacerante... cheiro de plástico queimado de madrugada... deve ser coisa do capeta.

Prova mais tarde? Nem sei se vou fazer, não tenho com quem deixar a Ana, a concorrência é gigantesca e tô morrendo de dor agora, e provavelmente continuarei com dor até mais tarde...

Tah passando um clipe do smashing pumpkins na tv, e isso me lembra a Thaz, lembra tempinho bom do terceiro ano... em partes... tudo é em partes, não é?
Quase impossível que algo seja por inteiro... sempre em partes, parte boa, parte ruim...

Não só prazer, não só dor...

Queria fazer algo diferente... dar vexame, mostrar os peitos na rua, acordar os outros gritando por aí... faz tempo que esse tipo de coisa não faz mais parte da minha vidinha... e de vez em quando é bom... a gente se sente vivo fazendo besteira, então eu penso: posso fazer isso se eu quiser, mas eu não sou mais como era antes, eu tenho medo de fazer coisas que antes eu faria de olhos fechados.

Isso é mudança ou covardia?

Cresci, tô aqui, sozinha, como sempre, comigo mesma, pensando no que vem depois, no que eu mesma vou conseguir me proporcionar.

Não quero só ser feliz, quero também um pouco de emoção, felicidade morna é uma merda, porque não é felicidade de verdade, é só rotina, é só estabilidade travestida de felicidade...

Ainda tah doendo...

=~~

quinta-feira, 21 de maio de 2009

dorzinha do caralho!

Faz alguns dias que estou com uma dor nas costas, na lombar (?), naquela parte que a gente empina pra parecer que tem bunda.
Até aí, tudo bem, não tava doendo muito, mas hoje tah excruciante!
Passei o dia com muita, muita dor! Tomei uns dois analgésicos que não adiantaram nada, além disso meu nariz não para de escorrer, e eu tenho acessos de espirro. Pior que isso, só a gripe suína!

Ah, fato lamentável na aula de inglês de hoje: fui obrigada a meter a boca nas adolescentes da sala. Pensa nisso:
três garotas bonitas, uma é super-inteligente, mas o que tem de esperta, tem de debochada; as outras duas são mais avoadas, e não têm a facilidade de pegar as coisas como a primeira. Pois bem, as três com as carteiras deitadas sobre outras carteiras, uma jogando no celular, as outras duas mostrando o quanto são elásticas, levantando as pernas pra cima e tagarelando!
Impossível prestar atenção na aula assim, então chamei a atenção delas. A esperta já veio cheia de desaforos, mas depois de eu falar que elas se comportam como retardadas na aula, e que se querem ser tratadas como adultas, deveriam agir como tal, as duas voltaram as cadeiras pra frente, e fecharam a boca, a outra continuou jogando... paciência...

Só acho que não é porque papai está pagando que eu posso pintar o sete numa sala em que tem gente interessada no que há lá.

Nada pessoal, mas imagino como devem se comportar na escola...

Amanhã, médico pra mim e pra Ana, estamos estragadinhas... =/

sexta-feira, 8 de maio de 2009

la la la

Correr ouvindo musiquinhas inesquecíveis de outros tempo é muito bom!
Ouvir o primeiro disco da Marisa Monte, de 87, quando ela não era essa "diva mala" de hoje, e ainda fazer dancinhas imitando a Carmem Miranda dá um gás pro resto do dia! =D

Foo Fighters, RadioHead, U2, The Smiths, Alanis, e claro, Jeff...

O tempo passa mais rápido e mais leve, e de olhos fechados eu corro lembrando, sentindo a música... quase levitando, mas sem estar possuída.

Bom Dia!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Revoltada, pra variar...

Muito puta com a má vontade dos autônomos... Que merda, além de gastar uma fortuna, você ainda tem que mendigar que eles te retornem uma simples ligação. Tudo é difícil, daí quando retornam, dizem que vão "amanhã", como se eu não tivesse nada pra fazer, e tivesse todo o tempo do mundo pra ficar esperando a boa vontade deles! Que ódio!

Além de puta com essa gente que não pensa que vive da clientela e a trata como lixo...

Muito puta também com a universidade de fundo de quintal aonde estou fazendo meus núcleos livres. Tudo bem que a Unisul é um lixo gigante, ao qual eu espero nunca mais precisar voltar, mas a Ana, minha filha, me acompanha nas aulas desde o segundo ano de curso, e nunca, nunca, nunca foi proibida de ficar comigo, ou qualquer coisa do gênero.
Ela está praticamente se formando junto comigo. Todos os professores a conhecem. Até o pessoal da lanchonete pergunta por ela quando ela não vai comigo, e essa universidadezinha vagabunda vem dizer que a Ana não pode ir comigo às aulas.
A professora, quando eu estava saindo hoje, perguntou se eu já tinha falado com o "pessoal lá da frente" sobre a Ana, porque ela não poderia estar vindo. Fui na secretaria, que fica na porta principal do "enorme" prédio e perguntei pra primeira mulher que eu vi: ô moça, a minha filha não pode ficar nas aulas?, daí ela respondeu: pras aulas, não..., daí eu disse: vou continuar trazendo ela, pois não tenho com quem deixá-la, e saí.
E fiquei pensando: a guria está indo pra aula há séculos, estou quase me formando, ela não incomoda, e chego numa bostinha dessas, que vai durar um mês, no qual eu mal verei qualquer uma daquelas pessoas... se não gostarem, que me tirem da sala, que me processem, que se fodam!

terça-feira, 5 de maio de 2009

mudando a todo momento

Ontem estava bem tristinha... pra baixo mesmo, com o nariz escorrendo e assado de tanto limpá-lo... com um sono gigante, pensando como seria hoje, nervosa, custei a dormir, e quem me conhece sabe que isso é praticamente impossível!
Acordei cedo, com o barulho dos saltos da vizinha do andar de cima... senti uma enorme vontade de matá-la, porque o sono finalmente estava gostoso.
Depois de hoje, confio a cada dia um pouquinho mais na justiça, contrariando o descrédito que eu costumava dar a ela, tudo se ajeitará, oh sim.
Depois do estágio, prova no CCAA, que corrigida na hora... e eu tiro 98! Oh, como eu sou exibida! Desculpe, mas no meu blog, não serei falsa modesta. Precisava de uma boa nota para massagear meu ego que anda abaixo do c* do cachorro.
Estou feliz!
Volta e meia me pergunto isso - se sou feliz - , e apesar de sentir que falta algo, e sempre faltará, estou de boa, de boa mesmo!
Mais um dia passou, falta menos um dia para eu me formar... se não me formar formalmente, hehehe, pelo menos para passar essa correria de estágios, núcleos, trabalhos, e encheções de saco com professores que eu espero nunca mais ter que cruzar na vida depois disso tudo acabar.

É, nem tudo são flores...

Orando e vigiando...

Hasta!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sonhos... Eu sempre sonho...

Hoje sonhei com cachorros que pareciam gárgulas, e alguns brinquedos de parque de diversões.
Na noite anterior, sonhei que eu e mais algumas pessoas estávamos num lago raso, e alguém tinha trazido um saquinho cheio de viagra! Jogavam alguns dos comprimidos na água, eu conseguia pegar o saquinho, queria roubá-lo pra ganhar dinheiro com os comprimidos. A polícia chegava, eu escondia meu saquinho, mas era presa porque estava junto com os outros.
Ficava dentro da viatura, e meu irmão Carlos era o policial, e eu querendo passar a conversa nele para que me soltasse, e rezando para que ele não me revistasse. Até a Ana estava comigo na viatura.

Sonhos nada a ver. Whatever...

Hoje, praticamente o último dia de aula! =D

Acho até que levo jeito, mas não daria aula por caridade...

Na segunda-feira, só passo uma avaliação para eles, e deu! Português/Literatura pra mim, deu! Só falta o inglês... ¬¬

terça-feira, 28 de abril de 2009

A professora me disse...

Minha professorea de estágio disse que eu levo jeito com os adolescentes.
Ontem foi minha segunda intervenção, e eu devo dizer que, tirando a leve ardência na garganta de ter que falar alto o tempo inteiro, eu me saí bem, sem qualquer modéstia!

A turma, no geral, foi bem participativa, e eu perguntava toda hora pra alguém sobre o que estávamos falando. Gostei de mim! Fiquei orgulhosa de mim mesma!

Concluí que tenho domínio, que faço brincadeiras na hora certa e chamo atenção quando é necessário.

Nasci para ser professora? Quem sabe...

Mas tenho certeza que algo sobre Trovadorismo vai ficar naquelas cabecinhas!

Hoje, a terceira aula.

domingo, 12 de abril de 2009

A uma ausência

Sinto-me, sem sentir, todo abrasado
No rigoroso fogo que me alenta;
O mal que me consome me sustenta,
O bem que me entretém me dá cuidado.

Ando sem me mover, falo calado,
O que mais perto vejo se me ausenta,
E o que estou sem ver mais me atormenta;
Alegro-me de ver-me atormentado,

Choro no mesmo ponto em que me rio,
No mor risco me anima a confiança,
Do que menos se espera estou mais certo.

Mas, se de confiado desconfio,
É porque, entre os receios da mudança,
Ando perdido em mim mesmo como em deserto.

(Antônio Barbosa Bacelar)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Por que as ruas são privadas de totós?

Acho literalmente uma merda, uma falta de respeito de quem tem seu lindo cãozinho, deixá-lo cagar nas ruas. Na verdade, o problema não é a merda em si, mas o fato de ela ficar justamente na calçada. Qual é o problema dessa gente?

Todos os dias, ao levar a Ana para a escola, deparamo-nos com merdas para todos os gostos! Maiores, menores, mais pastosas... Os aromas então... São aquela delícia! Hoje, por exemplo, tinha até uma nova pedida: vômito de cachorro! Sei que era de cachorro porque o vômito era composto de ração.

Mas a culpa não é dos companheiros peludos. Adoro cachorros! Apesar de admitir que a falta de convivência com eles acabou me tornando medrosa, principalmente quando se trata de exemplares de grande porte, mesmo que sejam inofensivos.

O problema são os donos, porcos relaxados, porcos imundos! Se as senhorinhas já estão muito velhas para se abaixarem e catarem as cagadas de seus animaizinhos, que não os levem para o passeio! Porra, é foda ter que caminhar na CALÇADA, que foi criada com essa finalidade, de ser um lugar seguro para os "passantes passarem" sem serem admoestados por carros ou outro tipo de veículo, mas ela é ao mesmo tempo uma zona de guerra, pois há minas para todos os lados!!!

Se você não for atento, pode pisar numa que vai acabar com o seu bom-humor!

Levem seus cachorro para cagar em terrenos baldios, mas melhor do que isso, juntem os charutos "das crianças", ou melhor ainda, se você gosta ou não se importa se o seu cachorrinho está emporcalhando as ruas, deixe que ele comece a cagar dentro da sua casa, em cima da sua cama quem sabe, eu não me importaria... hehe

Falando em charutos, hoje uma surpresa!

Fazia tempo que não via um despacho, mas ao desviar de uma merdinha seca, que ontem ainda tinha o frescor das manhãs, hoje vi numa sarjeta dois charutos, e ainda bem inocente pensei: "Nossa, são charutos? Quem deixaria cair dois charutos no chão e iria embora?" Daí me toquei que perto dos charutos havia uma garrafa de plástico de cachaça vagabunda e um copo quebrado.

Não bastam as merdas caninas, ainda temos que conviver com despachos de pessoas que não têm competência para conseguir alguma coisa, e por isso recorrem a essas ridículas "saídas".

Beijinhos de merda para vocês, e que a pomba-gira nos abençoe! ;)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Mudei de idéia...

Lendo o resto do conto, vi que ele estava tão cheio de clichês, pior do que aqueles livrinhos de 1 real vendidos em sebos!
Por isso, desisti de continuar colocando-o aqui.
Ele é trash demais! hehehe

Em compensação, vou colocar uma definição de mulher aqui, espero que gostem!

"Apaixonadas, tolas, libertinas, doidivanas, mexeriqueiras, frívolas, volúveis, ignorantes, sem conselho de representação, fracas, descuidadas, atrevidas, orgulhosas, caprichosas, leva-e-traz, abelhudas, boateiras, más-línguas, maldosas e sob todos os aspectos EMPORCALHADAS COM OS REFUGOS DA ESTERQUEIRA DO DEMÔNIO."

(Esta frase pertence a um Bispo de Londres, da época da Rainha Elizabeth)

E eu adorei a última parte! Além de me identificar com a maioria das "virtudes" por ele citadas, adoro quando as mulheres são colocadas como os restos dos excrementos do Capeta! Muahahahahahaha!!!!

=D

Não, não acho que somos nada disso, mããããs, penso que o legal de acharem que as mulheres de séculos atrás eram bruxas, ignorantes e seres sem alma, deve-se ao fato de que os homens nunca nos entenderão, e aquilo que não entendem, assim como os céticos pensam, simplesmente não tem valor.


sexta-feira, 13 de março de 2009

Maníaca, eu?

O que posso fazer, se o que me agrada são as pequenas – e desnecessárias para muitos – tarefas metódicas?
E o método é tosco, nada que envolva uma teoria ou objetivo, serve na verdade como atividade terapêutica, e reconheço, isso é um objetivo.
Sabe aquelas escovas tremendamente cheias de cabelos? Em especial as minhas, visto que deve haver mais cabelos nas escovas e pelo chão da minha casa do que na minha cabeça, mas isso não importa, o estresse ainda vai me deixar careca, ou talvez a falta de vegetais na minha vida... mas voltando...
Adoro limpá-las! Parece uma estranha mania (não limpar, porque isso todo mundo faz, mas acho que não do jeito que eu executo a tarefa – hehe), mas eu tiro todos, todos os fios das escovas que tenho, periodicamente.
Mas a maior diversão não é tirar os fios, e sim as sujeirinhas que ficam incrustadas no fundo das cerdas. Para elas, que imagino serem provenientes de fiapos muito pequenos de tecido, penungens que pairam pelo ar, e também de toda a sebosidade que está presente em toda bela cabeleira, para essa sujeirinha em especial uso um instrumento específico, mas que não foi criado para esse fim.
Uso um palito de metal, com pontas “afiadas”, que serve para retirar o excesso de esmalte das unhas. O meu é mais usado para remover as “sujidades” das escovas de cabelo.
E lá vou eu, cerda por cerda removendo cada uma das sujeirinhas até que a escova fique tão limpa, a ponto de você poder usá-la sem nojo, até a próxima semana. =P
Com dinheiro também tenho os meus métodos, mas só quando não estou com preguiça, se bem que isso se estende para qualquer coisa que eu faça.
Adoro arrumar as notas na carteira, que além de seguirem ordem crescente, primeiro as notas mais baixas, as mais altas ficam no fundo da carteira, mas isso acho que todo mundo faz – eu sempre acho que todo mundo faz para que eu não me sinta tremendamente mal por me importar com coisas tão insignificantes – o lance é que se, por exemplo, eu tenho duas notas de um real, fica na frente a que estiver mais “acabadinha”, para eu gastá-la primeiro, e assim ficar por mais tempo com a nota mais conservada.
Isso só pode ser coisa de gente com TOC, porque se eu vou gastar tudo o que tem na carteira mesmo... qual a diferença entre ficar com uma nota mais velha ou mais nova? Nenhuma, eu sei, fazer o quê?
Também adoro cheirar notas novinhas... dinheiro tem um cheiro tão bom quanto o de livros novos, gasolina, roupa nova, manteiga de cacau, carro novo, adesivo ou pamonha!
Tá bom, parei...

terça-feira, 10 de março de 2009

Começar de novo...

É assim, nas pequenas mudanças, que mudamos toda a nossa vida.

Nos pequenos comportamentos aos quais conseguimos nos condicionar (ainda não me condicionei a nenhum, mas sinto que há algo novo começando!); no sofá que será reformado; nos armários dos banheiros que serão melhor aproveitados; nas aulas de inglês; na formatura que se aproxima; no fato de minha pequena crescer um pouco mais a cada dia, e de eu não me furtar de contar isso ao pai dela, mesmo não gostando muito da idéia, não posso privá-la de conviver com ele, um dia.

Sinto isso no meu esforço de "correr" de mentirinha, e de perceber uma musculatura um pouco mais tonificada (?), na tentativa de fazer o amor dar certo com a pessoa que eu escolhi, de aprender com ele, e de permitir que ele aprenda comigo, e é isso...

Nossas vidas são escolhas, e eu quero muito escolher a felicidade!

Não a plena, que não existe, mas a de todos os dias, a de ver que eu sou responsável por mim mesma; de ouvir minha consciência brigando comigo quando como demais, penso demais, desconfio demais, encrenco demais ou gostaria de gastar demais!

As consequências sempre aparecem, cedo ou tarde tudo tem volta, e é muito mais gostoso quando a volta é boa. Quando vem com a experiência satisfatória, aquela que se quer repetir, e não a dura lição que não se quer viver de novo.

Quando os sentidos que criamos para vida se perdem, é hora de criar novos! E acreditar neles... aulas de dramaturgia me fizeram pensar em tragédias, já que nossas vidas são tragédias na iminência de acontecer; por isso criamos os sentidos, a beleza, as necessidades, para nos distrair do caminho que nos leva à morte.

E já que estou construindo sentidos mais felizes e agradáveis, pensemos nos meios e não no fim, porque o fim é igual para todos, o que muda é o caminho que trilhamos até ele, e é nesse caminho, que pode ser mais ou menos tortuoso - isso depende de nós - que está aquilo que chamamos felicidade.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Pois é, pra que?

O automóvel corre
A lembrança morre
O suor escorre
E molha a calçada
A verdade na rua
A verdade no povo
A mulher toda nua
Mas nada de novo
A revolta latente
Que ninguém vê
E nem sabe se sente
Pois é, prá que?

O imposto, a conta
O bazar barato
O relógio aponta
O momento exato
Da morte incerta
A gravata enforca
O sapato aperta
O país exporta
E na minha porta
Ninguém quer ver
Uma sombra morta
Pois é, prá que?

Que rapaz é esse?
Que estranho canto
Seu rosto é santo
Seu canto é tudo
Saiu do nada
Da dor fingida
Desceu a estrada
Subiu na vida
A menina aflita
Ele não quer ver
A guitarra excita
Pois é, prá que?

A fome, a doença
O esporte, a gincana
A praia compensa
O trabalho a semana
O chopp, o cinema
O amor que atenua
Um tiro no peito
O sangue na rua
A fome, a doença
Não sei mais porque
Que noite, que lua
Meu bem, prá que?

O patrão sustenta
O café, o almoço
O jornal comenta
Um rapaz tão moço
O calor aumenta
A família cresce
O cientista inventa
Uma flor que parece
A razão mais segura
Prá ninguém saber
De outra flor
Que tortura...

No fim do mundo
Tem um tesouro
Quem for primeiro
Carrega o ouro
A vida passa no meu cigarro
Quem tem mais pressa
Que arranje um carro
Prá andar ligeiro
Sem ter porque
Sem ter prá onde
Pois é, prá que?
Pois é, prá que?
Pois é!

.Sidney Müller.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Eu sou duas

Não sei o que me desperta, não sei o que me apaixona. Sei que sou duas: uma é tão boa que qualquer um consegue enganar; a outra é ira. Eu sou ira, medo, tristeza e posse. Quero nos outros o que não tenho em mim mesma.
Quero amor, paz e sossego, justamente porque não sei o que isso significa, nem nunca vou saber. Não se pode dar aquilo que não se tem, mesmo assim eu esperei receber aquilo que nunca havia dado a ninguém.
Eu compro as pessoas, é mais fácil do que ter que lidar com elas, e comigo mesma.
Mas eu não sou tão ruim, ninguém o é. Meu lado bom é tão bom que chora por tudo, é tão bom que se anula pelo outro, é tão bom que não consegue dizer não, é tão bom que sofre por quem não precisa, e dorme sempre tão bem por nunca ter desejado nada de ruim a ninguém, a não ser da boca pra fora.
Cansei da vida dos rigores, dos pudores, das regras.
Queria saber como é cair lá do alto, sentir o frio e a emoção de ver tudo passar depressa, sem dor, apenas o vento e a velocidade que nos dão a sensação de voar para a liberdade.
Sinto uma raiva imensa dentro de mim, e essa raiva é de mim mesma. De não ser quem eu gostaria, de me ver diminuída pelos outros, e de ajudá-los a me ver assim.
Não tenho amigos, não tenho ninguém. Todo mundo nasce e morre sozinho, mas assim também passa a vida inteira. Sempre sozinho.
Eu comigo mesma. Eu, ira. Eu, bondade. O problema é que estamos em desequilíbrio, e ainda não sei quem vai se sobressair, ou se as duas conseguirão se apaziguar. Não sei. Junto com a raiva, há dentro de mim o infinito, o infinito mesmo.
E eu não sou igual a ninguém...

domingo, 1 de março de 2009

Vida de modelar

Ah, as casinhas de massinha de modelar...
Comecei com elas na 6ª série, sem querer. Eu tinha alguma atividade na escola que pedia que fizéssemos um dado, de qualquer material, e o levássemos para a aula. Pensei que seria legal fazer um dado de massinha, mas como não tinha em casa, fui comprá-la.
Desde pequena adorava as massinhas Play Doh, que na época chamávamos de super massa. Eu já tivera alguns potes, e com essa massinha já pudera sentir o gosto (literalmente, porque como boa criança, uma vez provei um pedacinho: é salgada!) de manuseá-la e criar o que quisesse, e eu já fui muito criativa! Vocês verão!
Então... com a nostalgia que esse agradável “brinquedo” me trazia, fui atrás de um pote modelar meu dado. Encontrei um pote de 1kg! Era um sonho! Era branca! Com tudo aquilo poderia fazer meu dado e ainda sobraria muito para que eu usasse do jeito que me apetecesse!!!
Peguei quantidade que equivalia a um ovo de galinha, modelei meu dado, fiz os pontinhos que correspondiam aos números e levei-o para a escola.
Cada um dos alunos mostrou os eu, e depois todos ficariam expostos na sala por alguns dias. Não preciso dizer que no outro dia meu dado já não tinha o formato “cubístico”, característico de todos os dados. Ele estava tão amassado que mais parecia massa de pão “descansando antes de ir para o forno”.
Eu fiquei triste, puta na verdade, porque meu dado criativo virara um chiclete mastigado, mas pensando nisso hoje, e é bem provável que eu não tenha pensado na época, mas aquela não havia sido mesmo uma boa idéia...
Fim da história do dado!
Mas eu chego agora na parte que me agrada de verdade! O que eu fiz com o resto da massinha!
Ah, fiz grandes casa, famílias grandes e felizes em seus carros, que projetados por mim, nada mais eram do que banheiras com divisórias...
Eu pegava livros da minha mãe que tivessem capas-duras, e que suas contra-capas fossem lisas, sem nada escrito nelas. E era sobre estes livros que eu fazia as plantas baixas das casinhas (até hoje adoro ver plantas baixas de imóveis). Fazia a divisória dos cômodos, era a engenheira, e não havia nada que não pudesse ser feito. As casinhas não tinham paredes, e o que determinava se se trataria de uma mansão ou de uma casa de dois quartos, era o tamanho do livro, ou livros, porque às vezes eu juntava dois deles.
Meus dois dicionários da Xuxa (quem tem a minha idade deve lembrar-se deles) viraram uma mansão enorme! Criava a pequena mobília: sofás, poltronas, tapetes, esculturas, pias, camas, cadeiras, mesas, criados-mudos, cobertas, travesseiros, banheiras, almofadas, televisores, vídeos-cassete (na época), aparelhos de som, livrinhos, cômodas, penteadeiras, guarda-roupas, berços, carrinhos de bebê... e cada cômodo tinha um estilo diferente. Ah, também havia banquetas e o balcão em “L” da cozinha.
Ninguém além de mim diria que o pequeno quadradinho era uma televisão, ou que a pequena caixinha aberta com uma alcinha era o carrinho de bebê, mas era, e era tudo meu. Particularmente meu. Era meu pequeno mundo de modelar.
E era tudo branco. Apenas os membros da família eram coloridos. Eles não tinham forma humana. Pareciam gotas, sendo que a parte mais gordinha era achatada para que eles ficassem “em pé”, hehe! Eles eu pintava com canetinha hidrocor.
Azul-marinho era o pai, o filho era azul-claro. A mãe era vermelha, a filha, rosa, e o bebê era de alguma cor clarinha que lembrasse se tratar de um bebê (o que no fundo, era impossível). Reparem aqui que as cores azul para menino e vermelho para menina seguiam os padrões da “normalidade”, na época em que eu achava que não poderia ser diferente. A cor que é de um não poderia ser de outro, com risco de que suas características sexuais fossem afetadas por elas. Eu mudei, mas há ainda quem pense, com veemência, assim –hehe.
Eram a minha família perfeita, com a vida perfeita, sempre perturbada por algum pequeno conflito causado por algum outro homem-gota sem rosto, braços ou pernas. Mas eram os pequenos inconvenientes pelos quais até mesmo uma família perfeita deveria passar de vez em quando.
Depois que essa massinha criou sobre si pequenos cristais, perdeu toda a sua maciez por estar exposta, o que a deixava quebradiça e impossível de modelar novamente, eu a substituí por massinhas coloridas e mais populares, que nunca secavam.
Daí minhas casinhas tornaram-se coloridas, minhas piscina em formato de lago ficou azul, fiz árvores com folhas em dois tons de verde, e florzinhas que decoravam os jardins! Tudo colorido! Misturava cores e tinha mais variedade, novos personagens e situações.
Eu sempre representava a “mamãe”, aquela super-perfeita! Que era amiga dos filhos, boa esposa, feliz, bem-educada, boa amiga, bem sucedida, trabalhava fora, cozinhava bem , tinha bom gosto, era linda... Quando me cansava disso, desmontava a mansão e criava uma casa menor, para uma “mulher independente, jovem e sem filhos”.
Eu era Deus no meu mundinho de mentira. Eu modelava as pessoas, os lugares. Eu criava as situações e os problemas, porque não daria para ser sempre feliz, e seu eu enjoasse de cuidar da casa perfeita que tinha tudo que eu não tinha – e não falo só dos bens materiais, mas do sossego e da sensação de carinho e aconchego de uma família feliz – ; se eu cansasse de brincar que era amada por aquela família de propaganda de margarina que eu não tinha; se eu não quisesse mais ser aquela personagem super-independente que não devia nada a ninguém, tudo bem, eu poderia.
Poderia misturar tudo de volta, ou poderia simplesmente voltar para a vida da menina de 11, 12 anos que usava a criatividade para modelar o que ela, quando menina, acreditava que seria uma grande possibilidade de futuro.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Karla = Márcia + Carlos

Sou a junção dos dois, do melhor e do pior.
Karla é o resultado, hoje, de 24 anos de experiências múltiplas, felizes, tristes, frustrantes, difíceis, arrependidas, sábias... Karla é o resultado de tudo pelo que passou.
Karla ainda busca sua participação especial nesse mundo. Conta ainda com a idéia de ser chamada para fazer a diferença. Pensa nisso desde a infância, esperando o dia em que alguém fosse olhá-la e estendesse-lhe a mão.
Ainda busca a aprovação do outro para existir.
Espera ser salva e resgatada porque seu pai não estava lá, e sempre foi assim, ele nunca veio, e nunca virá. Nem ele, nem qualquer outro homem.
Um senhor de cabelos brancos e barrigudo, como o seu pai, foi o que sempre esperou. Queria que essa pessoa chegasse e lhe dissesse que tudo estaria resolvido, que ela não deveria se preocupar com mais nada.
Mas no fundo, sempre soube que nada disso existia...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Les Bibous

Adoraria poder sentir novamente o perfume que marcou minha infância. Não que eu o tenha usado durante toda a meninice, mas aquele foi o melhor cheiro que uma infância poderia ter.
Na cidade em que morávamos, houve um tempo em que os perfumes franceses eram mais baratos do que na maioria dos outros lugares que os vendiam. Adorava aquela loja e todas as fragrâncias que misturadas, ficavam com cheiro de “sofisticação”.
Adorava as pequenas amostras, em pequenos vidrinhos, que longos, pareciam miniaturas de tubos de ensaio...
Acho que tive dois vidros do perfume tão especial. Les Bibous era o nome. Sua cor era âmbar, como a da maioria, o vidro era redondo e fosco, e seu nome era escrito em azul, numa letra cursiva, como aquelas de caderno de ortografia. A tampa era de plástico, no formato de um elefantinho azul, sentado. A caixa também era azul, e tinha elementos circenses desenhados sob um céu lindamente estrelado.
E o cheiro, ah... o cheiro! Não sei descrevê-lo, apenas afirmo que ele me evocava boas lembranças.
O último frasco que tive foi quebrado acidentalmente pelo marido de uma tia, na casa da qual passávamos férias forçadas, já que meio que estávamos “fugindo” de um namorado desequilibrado da minha mãe, na época.
Meu “tio” pediu desculpas. O perfume estava sobre o balcão da pia do banheiro. Ele fora lavar as mãos, e ao estendê-las para secá-las na toalha, esbarraram no perfume, que se espatifou no chão.
O banheiro ficou cheiroso por dias, e eu fiquei sem meu perfume. Restou-me apenas a tampa de elefantinho, que eu sempre cheirava para recordar... durante um bom tempo, o elefantinho serviu como adorno na decoração dos quartos que eu criava para as minhas bonecas. Durante um bom tempo, o pequeno elefante azul me acompanhou, de brincadeira.
Não lembro que fim ele teve, mas seja lá qual tenha sido, arrependo-me. Não deveria nunca tê-lo deixado.
Já procurei em inúmeras lojas de perfumes, em sites na rede, mas nunca mais ouvi falar daquela fragrância. Às vezes, acho que aquele doce perfume só existiu para mim, para me dar algum conforto de sentido. Seu aroma fez com que fases não tão boas não fossem lembradas como fases totalmente ruins.
De vez em quando – e hoje mesmo – andando pelas ruas, passo por alguém que exala o cheiro da minha infância, o cheiro doce das minhas recordações...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Temos algo em comum?

Estive pensando sobre filhos, sobre pais, sobre quem somos. Somos realmente parte uns dos outros. Acho que não pensamos muito a respeito quando somos filhos. As coisas parecem bem naturais, e não haveria de ser diferente, mas quando nos tornamos pais é que percebemos com clareza o poder que temos de viver um pouco mais através dos nossos filhos.
Eles, literalmente, são um pedaço de nós, um pedacinho moldável, cheio de potencial, em quem colocamos muitas expectativas.
Esperamos sempre o melhor para este novo ser, este novo EU, que não sou eu, que se formou de um pequeníssimo pedaço meu, mais o pequeníssimo pedaço de outro.
Outro dia ri sozinha quando a ouvi dizer “mãe”. Grande coisa, já ouvi isso algumas milhares de vezes desde que ela aprendera a falar, e mesmo assim, eu ri, e por um segundo pensei nela, e no que é ter um filho.
Ser pai é finalmente acreditar na vida, na continuidade, e ver nos nosso filhos muitas ações, atitudes, vício e virtudes que vemos em nós mesmos.
O que não gostávamos em nossos pais, esforçamo-nos para que não se cristalize na gente, e por mais que combatamos, sempre carregamos algo deles conosco. Coisas boas e ruins, por vezes escondidas da nossa consciência, na tentativa de negar que carregamos o que mais odiávamos neles.
Um dia as crianças também tentarão se livrar das “amarras” que colocamos nelas sem qualquer má intenção.
Bons pais não têm más intenções para com seus filhos, têm somente amor, e um enorme medo de falhar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

TCC... acabou!!!

Oh Deus...

Acabou, e isso é um alívio imenso!!!

Dias e dias lendo, escrevendo, apagando, mudando... Ontem mesmo passei mal, e estava na frente do computador escrevendo as últimas coisas do "bendito"... saí dali, deitei, e dormi pensando no que não tinha concluído, pensando que uma coisa ou outra, poderia ter sido escrita diferente. Não quero mais olhá-lo criticamente, porque sempre vou encontrar algo que poderia ter ficado melhor, mais profundo.

Enfim, é um filho que está para nascer!

E teremos três parteiras para segurá-lo! (Bau, Ramayana e Alessandra) hehehe

Espero que ele seja bem recebido, pois no final das contas, foi feito com amor! =D

Mais uma etapa pela qual espero passar, e que venham muitas outras!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Isto não é um conto, é escatologia

Talvez influenciada pelo estudo do Naturalismo nas Artes, em especial na literária – não, nada disso, para quê mentir?! – eu tenha optado por falar de hábitos normais que as pessoas têm, mas que preferem esconder de todo mundo. Falo por mim mesma e não sou hipócrita, nem tenho aquela frescurada que a maioria tem, “Ai, que nojo!”, “Meu Deus, como você faz isso na frente de todos?”.
Ora, vamos e venhamos! Vai me dizer que você nunca fez nada disso? Daí me pergunta: “O quê, exatamente?”, e eu respondo:
Diga-me sinceramente se você nunca:
a)     arrotou?
b)    Soltou gases, flatos, peidos, arroubos inesperados da natureza?
c)     Coçou o saco?
d)    Tirou a calcinha da bunda porque ela já estava encostando no seu      “âmago”?
e)     Tirou aquela meleca verde e durinha do nariz, e antes de jogá-la fora, fez uma bolota nojenta e jogou na primeira pessoa que apareceu na sua frente?
Na certa, você vai responder que já fez tudo isso, mas lá, bem escondidinho no banheiro, ou em algum canto isolado em que ninguém pudesse ver, ouvir ou sentir aromas putrefatos que emanam do seu corpinho saudável.
Mas agora é que surge o questionamento que não quer calar, assim como aquele arroto de satisfação depois de um gole de Coca-Cola gelada repleta de gás carbônico: Por que esconder? O ser humano tem necessidades fisiológicas, tem instintos, que em determinadas situações nem a etiqueta consegue conter. E tudo são convenções.
Naturalmente, tudo isso é absolutamente normal. Vai dizer que depois de ficar meia hora sentado no vaso sanitário – lendo revistas, jornais, rótulos de desinfetantes, bulas de remédios, ou fazendo força, ou ainda olhando para as paredes – depois de todo esse esforço descomunal, você quer olhar sua “criação”, e não diga que não faz isso. O fato é que após a evacuação, todo mundo olha para a privada! Não minta! Espessura, cor, tamanho, textura... assim como todo mundo também confere o que saiu no papel higiênico, e só lava as mãos quando vê que ficaram com algum resquício da sua “arte”.
Até aí, tudo bem. Ainda estamos no banheiro, ninguém por perto. Talvez você até aproveite o tempo em que está quase “parindo” sua criação marrom, para tirar uma “caca” do nariz e passá-la na parede. Mas devo dizer, que essa atitude eu condeno com veemência, porque “limpar o salão” é normal, mas grudar suas porcarias na parede é porquice das grossas.
Bom, agora você já saiu do banheiro, mas sente que aquele pratinho modesto de feijão, salada de repolho e batata doce ainda não foi digerido por completo, transformando-o num homem-bomba, prestes a explodir ao mínimo sinal de pressão. A primeira vítima é sua mãe, que ordena que você vá arrumar seu chiqueiro, digo... quarto. Sem pensar duas vezes, surge aquela onda e sua calça fica quente... o gás mais denso que o ar se espalha e sua mãe quase desmaia. Embriagada pela “nhaca” que a intoxica, ela não tem forças para dizer que essa não foi a educação que lhe deu, e você sai. No caminho, encontra seu cachorrinho que também é filho de Deus – mesmo que algumas religiões digam que os pobres animaizinhos não têm alma, eles pelo menos têm mais cérebro do que muita gente que conheço – e está doido para dar uma voltinha pelo quarteirão, para demarcar território e sujar os sapatos dos transeuntes distraídos. Então, ele pula na sua perna e começa a trepar com ela, porque nunca, e olhe que ele já tem sete anos e meio, ele nunca cruzou com uma cadelinha. Você fica puto com o quadrúpede e solta um SPM (silencioso, porém mortal) daqueles! O pobrezinho cai com as patas para cima e você dá uma gargalhada maligna.
Aproveitando que está com super-poderes, não perde a oportunidade de infectar o elevador do seu prédio. Daí já viu, não há Bom-Ar que resolva.
Veja só, parece muito engraçada a situação, mas ela é real. Até dos corpos mais bonitos e torneados, até do corpinho de Barbie da Sandy sai merda. Quando morrermos, iremos todos para um buraco, e os vermes nos comerão sem qualquer distinção. Seja você uma velha morfética desgraçada de feia e flácida, ou o Mister Universo 2006.
Sabe quando você está com aquela calça super, hiper, mega, ultra apertada? Ela é tão apertada que até a celulite desaparece por causa da compressão. Então, imagine você dentro dessa calça 36 quando o seu manequim é 48. Às vezes, veja bem, às vezes, essa calça Boby Blues pode fazer com que sua tanguinha da Victoria´s Secret, idêntica a da Gisele Bündchen adentre seu belo rêgo que é depilado com cera fria de abelhas africanas. Nesse caso, restam duas opções: ou você mete a mão por dentro da calça e tira a maldita calcinha da bunda, isso é claro, se a sua mão conseguir entrar lá. Ou então, você é uma diva! Uma garota bem educada e controlada. Jamais teria uma atitude dessas. O óbvio é que vai esperar as três aulas acabarem, para depois ir ao toillete e fazer o que tem que ser feito, sem o conhecimento de ninguém, mas daí não é necessário ter pressa, pois agora além de ser a mais popular, você também é a mais assada do seu grupo de amigas.
Mudando de gênero...
Se você é homem ou nem tanto, mas possui uma bolsa escrotal cheia de chatos, você coça sua trouxinha produtora de esperma. Tudo bem, a parte dos chatos fica para os que não têm amor-próprio. Todo homem coça o saco, não importa muito de onde veio e a educação que teve, pois ele dá aquela puxada, arruma as “coisas”, sabe? E ainda assim, apesar das convenções sociais, isso é considerado normal. Coisas do sistema fálico como já diria a professora Simone Curi.
Arrotar por exemplo. Meu irmão e eu sempre demos altos arrotos! Nossa mãe odiava, chamava-nos de porcos e se perguntava como poderia ter filhos tão degenerados! (mentira, ela nunca nos chamou de degenerados, é só para aumentar o drama!).
Enfim, também devo dizer que me sinto discriminada na universidade em que estudo. Lá, eu solto arrotos homéricos, graves e tão altos, que até me inspiraram a compor um funk de duplo sentido, “Só dá eco à noite”.
Eu arroto e adoro isso! Se você nunca soltou um arrotaço, la la la, não sabe o que é legal. O mais interessante na verdade, é chocar as pessoas, ver o ar de reprovação delas sobre mim, ainda mais por que sou mulher, para a maioria isso é o fim do mundo! Por favor, somos animais, temos educação e boas maneiras, mas não me considero mal-educada porque a sociedade condena esses pequenos atos, dizendo que são algo sujo.
Sujo é você achar um absurdo quando alguém fala “caralho” ou “puta”, mas na hora da sacanagem, manda seu parceiro pôr o caralho para dentro e chamá-la de puta.
Isso é o que chamo de hipocrisia, já que fazemos coisas muito piores e mais podres do que soltar um peido, dar um arroto, ou quando tiramos meleca do nariz. Portanto, não me constranjo em fazer isso na frente dos outros. Que fique aqui claro que não sou uma pessoa avessa ao mínimo de educação, mas que tudo o que escrevi aqui é real, talvez não tão engraçado, mas é real.
E quem ler pode pensar que o meu conto, que de conto não tem muito, é uma afronta, que é forte, que é escatológico demais, mas essas são atitudes humanas, que podem não agradar a todos, mas que todos têm. É como se não acreditássemos que fazemos isso, porque fazemos de forma tão automática, que quando alguém nos mostra parece feio, de mau gosto. Bobagem!
Usando a máxima dos clichês: “Os incomodados que se mudem”... os que não têm cu, que explodam, e os que não arrotam por cima, hão de peidar por baixo!