domingo, 5 de julho de 2009

Medo do bicho-papão?

Eu sempre gostei de filmes de terror, e em grande parte influenciada pelo meu irmão, Felipe. Os filmes de terror sempre exerceram um fascínio enorme sobre mim. O medo que causam, a náusea, o horror. A morte está sempre tão perto, e fazendo parte do ciclo da vida é triste que a vejamos como um fim, como a prova cabal de que somos frágeis e finitos, de que vamos acabar algum dia. Sentir-se vivo, é pra isso que existem os filmes de terror? Para que nos sintamos vivos, para ver que poderíamos ser os próximos, para mostrar o quão doentia pode ser a mente humana, e o quanto de dor ela é capaz de infligir?

Ok, tirando a parte mais drástica e subjetiva, eu nem lembro quando comecei a ver filmes de terror, mas é provável que o primeiro tenha sido Hellraiser, eu tinha 5 ou 6 anos, meu irmão tinha 4 anos a mais que eu, e adorava essas coisas. Eu assisti o filme de gaiata na história, e apesar de hoje, já tê-lo assistido inúmeras vezes, a cena de que me lembro na época, é a do personagem Frank voltando do inferno, sem pele, com todos os músculos e veias à mostra, isso pode ser realmente traumatizante para uma criança, e por um tempo, certamente, foi.

Depois disso, vieram os filmes do Brinquedo Assassino, que me deixavam de cabelos em pé! Ops, acabo de lembrar que antes de Hellraiser, Freddy Krueger já me assombrava, pois assistíamos a sua série no Cinema em Casa, que muito antigamente passava à noite. Eu tinha tanto medo das garras de aço, que sempre que ia sair da cama, não colocava os pés diretamente no chão, eu pulava da cama para o chão, a uma distância relativamente segura, que garantisse que o Freddy não me puxaria para debaixo da cama.

Durante o dia, conseguia olhar olhar debaixo dela, e ver que não havia nada ali, mas à noite, tudo mudava. Eu tinha medo de ficar sozinha no escuro, mas não era um medo histérico, eu não gritava, pelo menos não para fora, mas por dentro milhões de coisinhas sinistras passavam pela minha cabeça, avisando que alguma coisa estranha aconteceria no próximo minuto, mas depois que a vista se acostumava ao breu, e sempre havia uma claridade que me deixava enxergar os contornos dos móveis, eu me aquietava.

Já vi incontáveis filmes de horror, desde os mais "trash" como Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, que é um clássico desse gênero até o mais horripilante ever, sem comparações, O Exorcista, que eu também assisti pela primeira vez ainda muito nova, mas que até hoje me causa repulsa e medo, por todo o contexto. Quer dizer, já o assisti umas vinte vezes, já vi seu making of, já assisti a todas as continuações, conheço-o de cabo a rabo, e mesmo assim, de alguma forma ele me apavora, e por isso tenho enorme respeito por esse filme.

Hoje em dia, bem, hoje em dia é difícil eu assistir a algum filme que me apavore. Há bons filmes, com bons sustos, mas nada muito profundo.

É engraçado falar sobre isso enquanto estou sozinha, vou dormir sozinha... Acho que começo a exorcizar meus próprios demônios, porque é como minha mãe sempre disse: não devemos ter medo dos mortos, e sim, dos vivos. São pessoas de carne e osso as que podem nos fazer algum mal. Os mortos descansam, ou não.

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