quarta-feira, 21 de agosto de 2019

sobre o que está dentro e que buscamos no que está fora

entre sentir demais e não sentir nada, o que você prefere? você acha que sente o outro ou é só você sentindo a si mesmo? se não podemos sentir o outro, não é melhor se tocar sozinho e sentir tudo? você fode com alguém ou você só fode a si mesmo com a ajuda do outro? duas pessoas transando são duas pessoas transando, uma com a outra, ou apenas transando consigo mesmas? você busca o gozo do outro ou só usa o outro pra gozar? o que você sente pelo outro, acha que sente por ele ou por si mesmo? pelo gozo de ser gostado, pela satisfação que tiramos do afeto do outro em relação a nós, porque o outro nos gosta é que gostamos do outro. não há desinteresse; ao contrário, tudo é autocentrado. eu te dou porque você me dá. se não me dá, se não me faz gozar, se não atua na minha potência, não quero. se não me come, não me consome, não me vomita e não me come de novo, pra quê? se não me devora, se não me agita, se não me deixa sem ar, pra quê? sinto demais, inferno! quisera não sentir nada, mas é mentira, porque sentir é sempre - ou quase - melhor do que não. 

sábado, 10 de agosto de 2019

sobre amores leoninos

Quando eu tinha 12 anos de idade, conheci meu amor mais duradouro até hoje. Ela é a pessoa a quem quero contar meus problemas e minhas alegrias; a pessoa que escolhi na vida pra ter assim, pra sempre, e essas pessoas existem. Temos pais, temos irmãos, temos filhos, temos amores e temos amigos. Meus verdadeiros amigos estão comigo há bons anos e sei, como ela diz, que me ajudaria até a esconder um corpo, que me confiaria sua vida e a quem eu confio, também, meu bem mais precioso. Eles surgem em algum momento, bom ou ruim, mas estão sempre ali, como ela, apesar de não atender sempre o telefone. No meio de músicas felizes e tristes, no meio do turbilhão diário, sendo madrinha de casamento, confidente, colo e consolo, ela está ali. Minha Thaz, a quem eu tanto devo, a quem eu tanto amo que nem sei dizer. Novas, velhas, doentes ou sãs, sempre estaremos juntas, meu amor. A todos os outros que amo e por quem tenho carinho, só desejo que um dia possam encontrar alguém tão especial e luminosa quanto ela. Para além de todas as riquezas, quem tem uma amizade como a nossa, tem tudo nessa vida que se poderia querer. Logo seu ano recomeça e eu espero do fundo da minha alma que seja tão maravilhoso quanto você é. Que seja de riquezas infinitas, beleza plantar, de contemplação feliz, e que você possa ser muito muito muito mais do que já é. Te amo até o fim, pra sempre.

sábado, 3 de agosto de 2019

sobre familiaridade

Tenho dormido demais, de novo. Todos os dias sonho que minha mãe volta a morar comigo ou que eu vou morar com ela. A convivência é caótica nas casas diferentes de cada sonho; o drama está sempre presente, ainda assim, vejo essa mulher mais jovem, viva, querendo fazer parte da minha vida novamente. Acho que sou eu querendo a familiaridade do instável, do colo torto, os joguetes emocionais dos quais nunca gostei, mas com que convivi por tempo demais. Meu inconsciente está buscando o familiar, o que deveria ser porto-seguro, a mãe, que preciso aprender a re-conhecer, mesmo diante de todas as faltas, teve sua presença: me acalentou e esteve comigo, mesmo que depois tenha me cobrado um preço alto de sanidade por isso. Importa que agora a filha cuida de uma filha. Com as faltas e erros, ainda me considero um sucesso no percurso todo. Ela será muito melhor do que nós duas fomos uma com a outra. Espero ter rompido dinâmicas viciadas de dor e dependência. Espero que apesar da simbiose, ela consiga se descolar de mim e ir para o mundo, livre, sem sonhar que voltamos a conviver na busca por um vínculo doente.