sábado, 3 de agosto de 2019

sobre familiaridade

Tenho dormido demais, de novo. Todos os dias sonho que minha mãe volta a morar comigo ou que eu vou morar com ela. A convivência é caótica nas casas diferentes de cada sonho; o drama está sempre presente, ainda assim, vejo essa mulher mais jovem, viva, querendo fazer parte da minha vida novamente. Acho que sou eu querendo a familiaridade do instável, do colo torto, os joguetes emocionais dos quais nunca gostei, mas com que convivi por tempo demais. Meu inconsciente está buscando o familiar, o que deveria ser porto-seguro, a mãe, que preciso aprender a re-conhecer, mesmo diante de todas as faltas, teve sua presença: me acalentou e esteve comigo, mesmo que depois tenha me cobrado um preço alto de sanidade por isso. Importa que agora a filha cuida de uma filha. Com as faltas e erros, ainda me considero um sucesso no percurso todo. Ela será muito melhor do que nós duas fomos uma com a outra. Espero ter rompido dinâmicas viciadas de dor e dependência. Espero que apesar da simbiose, ela consiga se descolar de mim e ir para o mundo, livre, sem sonhar que voltamos a conviver na busca por um vínculo doente.


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