sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nostalgia

Ando nostálgica...
Quanto mais o tempo passa, mais procuro recordações que me lembram tempos felizes, diferentes... Não que os dias presentes sejam ruins, são de independência e aspirações, mas se acaso tivesse consciência da efemeridade dos momentos passados, talvez fossem eles mais aproveitados...

Ontem fez oito anos que meu pai morreu... numa segunda-feira à tarde eu soube, e ele já estava sendo enterrado. Quantas perdas a vida nos reserva? Com o tempo perdemos tudo, até mesmo as recordações...

Olho para uma de minhas únicas fotos quando pequena, vestido branco, de chapéu - eu adorava chapéus - e de sapatos vermelhos... ainda lembro de ser brava e voluntariosa já naquela época... meu rosto na foto é confuso, como a vida.

O que nos nos reserva o tempo? Cura de mágoas, de arrependimentos... Definitavamente crescemos com nossos erros, aperfeiçoamos nossas escolhas... Olhamos para trás e rimos ou choramos, ainda assim, vamos vivendo.

Além da nostalgia, a melancolia tem me acompanhado, o choro fácil, a emoção repentina... Tudo tem afetado o corpo que envelhece a cada dia... Orgulho das melhores coisas - Ana -, saudades das relações mais difíceis - com a minha mãe - ainda procurando o sentido do rumo que a vida toma... Saudades dos tempos em que todos éramos felizes, pelo menos momentaneamente, juntos, todos nós, juntos, mesmo aqueles que não fazem mais parte da vida atual porque quem em algum momento fez parte disso tudo, de toda a história, sabe que certas coisas ficam para sempre... ou talvez não...

O ombro amigo, o conselho dado e recebido, as conversas intermináveis, gargalhadas pela madrugada, cinzeiros repletos, ruas de cima, descobertas, desilusões, brigas e adolescência, choros e birras, escândalos e discussões, abraços e soluços, paciência, muita paciência...

Crescer de repente, ter alguém que depende inteiramente de você, que te cobra, que te irrita, mas que você ama infinitamente, e sempre chora quando vê que está crescendo...

Apesar de não saber quem eu sou, ainda, sei que tudo, tudo pelo que passei, com quem passei, como passei, quando passei, tudo isso me fez melhor... mas ainda há tanto chão, tanto caminho, tanto pelo que viver que me sinto cansada...

Cansada, mas a gente continua, para alguém que fez parte disso, a gente continua, de um jeito que talvez nunca saibamos, porque o impacto e a presença que temos nas vidas de algumas pessoas pode ser enorme e marcante, um pequeno momento, um gesto simples, algumas palavras fazem com que nos tornemos eternos para alguém...

O que aprendemos, o que ensinamos, mesmo que através de nossos erros, sempre há uma lição, uma ideia, uma intenção, pois não escrevemos apenas a nossa história, também fazemos parte da história de muitos... mesmo que um dia isso se perca, houve um momento em que pensávamos que duraria para sempre.

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