quarta-feira, 13 de maio de 2020

sobre esquecer

cheguei em casa ébria, mandíbula travada, gritando, não sei por quê. As pernas ainda trêmulas e, nos dedos dos pés, ainda sentia a língua quente que por ali havia passado. Conversamos demoradamente, olhos mergulhados nos olhos, bebemos um tinto do qual não me lembro o nome; mas estava bom. senti as bochechas corarem, dei um suspiro e olhei para cima. veio até mim, colocou as mãos no meu pescoço e começou esfregá-las delicadamente contra a minha pele. eu disse que queria tomar um banho, pois senti minha pressão baixar aos poucos. ele, então, sugeriu me acompanhar; aceitei. enchemos a banheira e eu entrei. a água cobria meu peito. abracei meus joelhos e encostei minha cabeça sobre eles. senti suas mãos massageando minhas costas, me acarinhando com cuidado. a água quente evaporava e eu respirava relaxada. depois, encostei minha cabeça sobre a borda e ele ensaboou todo o meu corpo. tirou minha perna esquerda da água e pôs-se a chupar todos os dedos do meu pé. fiquei em êxtase. queria me afogar ali mesmo.

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