saí para comprar cigarros de carro e já na garagem eu senti pena de mim mesma, pena de você, pena de todo mundo que eu conheço. eu senti um desespero tão grande que o ar quase não me entrava mais. estamos todos perdidos dentro de nós mesmos nos afogando enquanto uma corda balança lá em cima, mas não vemos a corda, ficamos nos debatendo, eu fico me debatendo e vejo flashes de tudo mais colorido, mais vívido como se fossem lampejos de sanidade, de uma realidade distante. saí do posto pro lado errado; esqueci do carro e ia voltar a pé pra casa.
tô ensandecida. não tá tudo bem, não tá nada bem! o que é que a gente está fazendo nessa merda?! good vibes é o caralho! enfia todo esse sorriso imbecil no cu. a vida não é bela porra nenhuma! tá todo mundo na merda, mas eu só sei da minha merda porque é embaixo do meu nariz que ela está. foda-se! daí escuto uma música aleatória que faz eu querer me desfazer em mil pedaços. não me entendam mal, mas se não ficar louca aqui, fico onde? odeio a quarentena, odeio não poder sair por aí dando a rodo, mas eu só queria uma porra de um abraço, o mínimo de afeto. devia ter comprado alguma bebida porque só assim poderia aquietar meu coração, mas a idiota não trouxe, então eu fumo, choro, soluço, esfrego meu rosto, seco as lágrimas na manga do moletom, ouço músicas até eventualmente dormir, sabendo que amanhã vai ser tudo igual. vou seguir desnorteada, olhando pras paredes, cavando sentidos.
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