quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Sobre o peito aberto

Meu peito está aberto. Talvez sempre tenha estado, por isso o que lhe pesa me faz doer as vértebras. Está aberto e solar. Cabe em mim o nascer do astro em bola de fogo, entre as ondas sombreadas e as nuvens cor de rosa. Cabem todos os grãos de areia das praias todas. Meu peito aberto é um universo infinito com possibilidades, limitações, movimento e inércia; é o caos, meu caos, meu peito, minha dor e minha alegria.
Vê as pintas, as veias, os mapas por baixo da pele? aqueles que levam pra dentro, nos quais me perco nos caminhos de mim mesma. Consegue ver o coração batendo por trás da carne? Vê como acelera? Vê como ele aperta na angústia e como se expande nas risadas e no abraço sincero? Vem, deita em meu peito, sente, se conforta no meu braço - digo em um eco que ressoa na minha imensidão.
Me afogo em lágrimas e depois me reergo em gozos pulsantes e sufocados na madrugada. Descubro o que não conhecia e redescubro o que tinha esquecido. Tudo dentro, tudo no meu peito aberto.

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