o ridículo é aquele que é risível, mas não porque é engraçado; por escárnio. mais ridículo que o próprio é quem o julga. o ridículo não o teme ser. ele não consegue entrar nas gavetas da norma, da regra, da convenção. a própria vida nos leva a ser ridículos. os amantes são ridículos, assim como o amor que os origina. a exacerbação, o espalhafato, o sentimentalismo e o excesso de maneiras, de cores, a liberdade assim o tornam. gosto de ser ridícula porque choca, porque não esperam, porque quem cabe em caixas não quer sair de dentro delas e aponta dedos, lança olhares. o ridículo enxerga além, vê beleza na loucura, no ponto cego, no que está perdido... perdido, aquilo que não tem direção, que não sabe pra onde ir e só vai (ou estanca), vai sem receio, levado pela brisa leve da incerteza. ser ridículo é não ter medo de errar, é fazer mesmo sabendo que tudo pode se desfazer, que a dor pode chegar, que o encantamento pode acabar, que os quereres podem se transformar, que os caminhos podem se distanciar, que a vida pode ter outros planos. às vezes não quero; ser ridículo é uma merda. bancar o ridículo, fazer o papel ridículo. às vezes me envergonho; outras me regozijo. às vezes, num surto, é só o quero ser: RI-DÍ-CU-LA.
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