sábado, 4 de julho de 2009

Talvez, o último depoimento

Nunca pensei que o rumo de minha vida mudaria tão de repente, e de maneira tão grotesca que nem sei dizer o quanto.

Precisava comprar papel higiênico. O último rolo acabara há pelo menos dois dias, mas evitando os supermercados, estávamos usando o rolo de guardanapos. Então naquele dia de sol repentino no inverno frio, resolvi ir até o mercado.

Entrei no carro, o mesmo CD tocava pela milhonésima vez, mas eu continuava a cantarolá-lo. Até aí, tudo bem. Pensava na vida enquanto dirigia o carro no "automático". Foi quando olhando para as pessoas que passavam pela rua, surgiu um homem de bermuda, segurava uma camisa vermelha no ombro, e andava desengonçado pela calçada, mas não era um desengonçado qualquer, ele andava de forma realmente sinistra, mas isso passou batido - pensei ser somente um bêbado caminhando numa manhã de sábado - até que o tal homem agarrou uma senhora que andava perto dele, e começou a mordê-la! O sangue começara a lhe escorrer do seio, e ela em pânico pedia ajuda. Outros transeuntes vendo a cena bizarra agarraram o homem que conseguiu se esquivar, apesar de sua magreza e aparente fragilidade corporal. O sujeito, então, mordeu igualmente os outros dois homens que tentavam, em vão, apartá-lo da pobre senhora. Era tanto o sangue que escorria e banhava a calçada de perdrinhas brancas, que fiquei realmente chocada!

Mas tudo acontecera muito rápido, isso aconteceu no instante de um sinal fechado, que quando abriu, eu só queria estar longe dali, mas minha curiosidade mórbida, fez com que eu desse a volta na quadra, e quando eu voltei à cena novamente, policiais que caminhavam por ali tentavam conter o homem. Ouvi o barulho de sirenes se aproximando... o homem fora algemado, mas a senhora agonizava no chão sem que muito pudesse ser feito por ela.

Quando a ambulância chegou, deram-na como morta, e os outros dois homens que também haviam sido mordidos pelo sujeito pareciam agressivos. Uma multidão formara-se em volta do circo de horrores. Enquanto moviam a velha numa maca, ela segurou com força o braço do socorrista, numa cena de filme de zumbis, e foi só então que eu percebi que era disso que se tratava tudo: zumbis!

A carnificina estava feita. Muitos gritavam, assustados, e sem entender o que se passava. Outros saíram correndo para não ter que ver como acabaria a história, e eu sou uma dessas pessoas.

Vim para casa, tranquei tudo e liguei a TV. Nos jornais disseram que a tal nova gripe parece sofrer uma mutação que deixa pessoas infectadas por ela violentas e sedentas por sangue e carne humana... e tudo isso aconteceu hoje, aqui no Kobrasol.

Consigo ouvir pessoas gritando pelas ruas, e sirenes incessantes a todo o momento. Sempre quis fazer parte de um filme de zumbis, mas não queria ser eu, um deles.

Estou com medo de sair de casa, mas assim que conseguir suprimentos, vou subir para o salão de festas, e esperar pelo pior. A todos que por ventura aqui aparecem, saibam que o apocalipse está aí na rua, acontecendo nesse exato momento, e eu nunca pensei que viveria para vê-lo.

Adeus...

2 comentários:

  1. 'cause this is thriller, thriller night, and no one's gonna save you from the beast about to strike.

    ResponderExcluir
  2. the dawn of the dead (kobrasol night live)

    ResponderExcluir