sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Isto não é um conto, é escatologia

Talvez influenciada pelo estudo do Naturalismo nas Artes, em especial na literária – não, nada disso, para quê mentir?! – eu tenha optado por falar de hábitos normais que as pessoas têm, mas que preferem esconder de todo mundo. Falo por mim mesma e não sou hipócrita, nem tenho aquela frescurada que a maioria tem, “Ai, que nojo!”, “Meu Deus, como você faz isso na frente de todos?”.
Ora, vamos e venhamos! Vai me dizer que você nunca fez nada disso? Daí me pergunta: “O quê, exatamente?”, e eu respondo:
Diga-me sinceramente se você nunca:
a)     arrotou?
b)    Soltou gases, flatos, peidos, arroubos inesperados da natureza?
c)     Coçou o saco?
d)    Tirou a calcinha da bunda porque ela já estava encostando no seu      “âmago”?
e)     Tirou aquela meleca verde e durinha do nariz, e antes de jogá-la fora, fez uma bolota nojenta e jogou na primeira pessoa que apareceu na sua frente?
Na certa, você vai responder que já fez tudo isso, mas lá, bem escondidinho no banheiro, ou em algum canto isolado em que ninguém pudesse ver, ouvir ou sentir aromas putrefatos que emanam do seu corpinho saudável.
Mas agora é que surge o questionamento que não quer calar, assim como aquele arroto de satisfação depois de um gole de Coca-Cola gelada repleta de gás carbônico: Por que esconder? O ser humano tem necessidades fisiológicas, tem instintos, que em determinadas situações nem a etiqueta consegue conter. E tudo são convenções.
Naturalmente, tudo isso é absolutamente normal. Vai dizer que depois de ficar meia hora sentado no vaso sanitário – lendo revistas, jornais, rótulos de desinfetantes, bulas de remédios, ou fazendo força, ou ainda olhando para as paredes – depois de todo esse esforço descomunal, você quer olhar sua “criação”, e não diga que não faz isso. O fato é que após a evacuação, todo mundo olha para a privada! Não minta! Espessura, cor, tamanho, textura... assim como todo mundo também confere o que saiu no papel higiênico, e só lava as mãos quando vê que ficaram com algum resquício da sua “arte”.
Até aí, tudo bem. Ainda estamos no banheiro, ninguém por perto. Talvez você até aproveite o tempo em que está quase “parindo” sua criação marrom, para tirar uma “caca” do nariz e passá-la na parede. Mas devo dizer, que essa atitude eu condeno com veemência, porque “limpar o salão” é normal, mas grudar suas porcarias na parede é porquice das grossas.
Bom, agora você já saiu do banheiro, mas sente que aquele pratinho modesto de feijão, salada de repolho e batata doce ainda não foi digerido por completo, transformando-o num homem-bomba, prestes a explodir ao mínimo sinal de pressão. A primeira vítima é sua mãe, que ordena que você vá arrumar seu chiqueiro, digo... quarto. Sem pensar duas vezes, surge aquela onda e sua calça fica quente... o gás mais denso que o ar se espalha e sua mãe quase desmaia. Embriagada pela “nhaca” que a intoxica, ela não tem forças para dizer que essa não foi a educação que lhe deu, e você sai. No caminho, encontra seu cachorrinho que também é filho de Deus – mesmo que algumas religiões digam que os pobres animaizinhos não têm alma, eles pelo menos têm mais cérebro do que muita gente que conheço – e está doido para dar uma voltinha pelo quarteirão, para demarcar território e sujar os sapatos dos transeuntes distraídos. Então, ele pula na sua perna e começa a trepar com ela, porque nunca, e olhe que ele já tem sete anos e meio, ele nunca cruzou com uma cadelinha. Você fica puto com o quadrúpede e solta um SPM (silencioso, porém mortal) daqueles! O pobrezinho cai com as patas para cima e você dá uma gargalhada maligna.
Aproveitando que está com super-poderes, não perde a oportunidade de infectar o elevador do seu prédio. Daí já viu, não há Bom-Ar que resolva.
Veja só, parece muito engraçada a situação, mas ela é real. Até dos corpos mais bonitos e torneados, até do corpinho de Barbie da Sandy sai merda. Quando morrermos, iremos todos para um buraco, e os vermes nos comerão sem qualquer distinção. Seja você uma velha morfética desgraçada de feia e flácida, ou o Mister Universo 2006.
Sabe quando você está com aquela calça super, hiper, mega, ultra apertada? Ela é tão apertada que até a celulite desaparece por causa da compressão. Então, imagine você dentro dessa calça 36 quando o seu manequim é 48. Às vezes, veja bem, às vezes, essa calça Boby Blues pode fazer com que sua tanguinha da Victoria´s Secret, idêntica a da Gisele Bündchen adentre seu belo rêgo que é depilado com cera fria de abelhas africanas. Nesse caso, restam duas opções: ou você mete a mão por dentro da calça e tira a maldita calcinha da bunda, isso é claro, se a sua mão conseguir entrar lá. Ou então, você é uma diva! Uma garota bem educada e controlada. Jamais teria uma atitude dessas. O óbvio é que vai esperar as três aulas acabarem, para depois ir ao toillete e fazer o que tem que ser feito, sem o conhecimento de ninguém, mas daí não é necessário ter pressa, pois agora além de ser a mais popular, você também é a mais assada do seu grupo de amigas.
Mudando de gênero...
Se você é homem ou nem tanto, mas possui uma bolsa escrotal cheia de chatos, você coça sua trouxinha produtora de esperma. Tudo bem, a parte dos chatos fica para os que não têm amor-próprio. Todo homem coça o saco, não importa muito de onde veio e a educação que teve, pois ele dá aquela puxada, arruma as “coisas”, sabe? E ainda assim, apesar das convenções sociais, isso é considerado normal. Coisas do sistema fálico como já diria a professora Simone Curi.
Arrotar por exemplo. Meu irmão e eu sempre demos altos arrotos! Nossa mãe odiava, chamava-nos de porcos e se perguntava como poderia ter filhos tão degenerados! (mentira, ela nunca nos chamou de degenerados, é só para aumentar o drama!).
Enfim, também devo dizer que me sinto discriminada na universidade em que estudo. Lá, eu solto arrotos homéricos, graves e tão altos, que até me inspiraram a compor um funk de duplo sentido, “Só dá eco à noite”.
Eu arroto e adoro isso! Se você nunca soltou um arrotaço, la la la, não sabe o que é legal. O mais interessante na verdade, é chocar as pessoas, ver o ar de reprovação delas sobre mim, ainda mais por que sou mulher, para a maioria isso é o fim do mundo! Por favor, somos animais, temos educação e boas maneiras, mas não me considero mal-educada porque a sociedade condena esses pequenos atos, dizendo que são algo sujo.
Sujo é você achar um absurdo quando alguém fala “caralho” ou “puta”, mas na hora da sacanagem, manda seu parceiro pôr o caralho para dentro e chamá-la de puta.
Isso é o que chamo de hipocrisia, já que fazemos coisas muito piores e mais podres do que soltar um peido, dar um arroto, ou quando tiramos meleca do nariz. Portanto, não me constranjo em fazer isso na frente dos outros. Que fique aqui claro que não sou uma pessoa avessa ao mínimo de educação, mas que tudo o que escrevi aqui é real, talvez não tão engraçado, mas é real.
E quem ler pode pensar que o meu conto, que de conto não tem muito, é uma afronta, que é forte, que é escatológico demais, mas essas são atitudes humanas, que podem não agradar a todos, mas que todos têm. É como se não acreditássemos que fazemos isso, porque fazemos de forma tão automática, que quando alguém nos mostra parece feio, de mau gosto. Bobagem!
Usando a máxima dos clichês: “Os incomodados que se mudem”... os que não têm cu, que explodam, e os que não arrotam por cima, hão de peidar por baixo!

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