quinta-feira, 18 de julho de 2019

Sobre a névoa do embotamento

Quando ainda não totalmente acordada, quando ainda meio dormindo, entre o sono de sonho e o sono de elocubrações, tive várias visões das palavras, dos sentimentos, das avalanches e bolos embolados, dos nós misturados com coisas, com dor, com coisas loucas que iam simplesmente aparecendo na medida em que o pensamento ia mais adiante. Eu quase não conseguia acompanhar tudo o que via e sentia tudo junto, ao mesmo tempo em que cada célula sentia diferente e individualmente o jorro do que eu via.

Me senti capaz, potente, como no gozo ofegante que estremece, que faz pensar se eu poderia morrer agora, se a morte se sente assim, se o suspiro último é tão condensador de toda a vida e a faz valer a pena por todo o resto? Será?

Senti falta, mas senti liberdade, senti medo, mas senti coragem, senti vontade de ser uma menina de laço vermelho nos cabelos, carregando toda a bagagem do que sei agora. Louca, louca, louca, como nunca pude ser, sempre me aparando, me contendo, e é assim que acabo com a minha potência. Quanto mais penso, menos escrevo. Mente idiota, quer sempre racionalizar o que está tão bonito na tela dos meus olhos. Estraga tudo.

Calma, eu volto. Vamos brincar mais de ir para longe, lançar mais longe a linha; veremos até onde consigo ir. Te levo comigo, sem peso. Vem!

Um comentário: