Faz muitos anos desde que comecei a me perguntar qual era o sentido de tudo isso; quem eu era; o que eu estava fazendo aqui e por que me sentia do jeito que me sentia. A grande resposta para tudo isso é que eu precisava me conhecer, preciso ainda, e devo continuar precisando até o último dia. A diferença, agora, é que sei como fazer isso.
Pulando dentro de mim mesma, bem no fundo, tão fundo que ainda não faço ideia de quão longe posso ir. Sabe, grandes dimensões, enormes espaços, largos caminhos, tudo dentro de você mesmo. Mais ainda: dentro de toda a nossa limitação física, todo um universo infinito e coberto por uma mantinha de plush, quentinha, em que a gente se agarra quando sente medo, que a gente usa pra cobrir os olhos quando não quer ver alguma coisa nossa, guardada no armário escuro em que guardamos tudo o que não conhecemos; e a gente não conhece é a gente mesmo.
É a gente que fica guardado nesse lugar. A gente se guarda da gente.
A gente não quer se ver de verdade. A gente se esconde pela necessidade criada de atender às expectativas que o mundo coloca sobre os nossos ombros, que vão afundando as nossas verdadeiras habilidades, o nosso verdadeiro ser.
Tô só começando, mas não estou com medo. Serei mestra de mim mesma, mas também o serei academicamente, porque contrariando toda a minha falta de confiança, passei no mestrado.
Se eu achava antes que o mestrado era só para alguns poucos iluminados, então, estou eu, também, no caminho de Buda.