Adoro minhas pintas, minha altura e meus seios caídos, como recompensa por amamentar durante um ano e meio uma linda menina; aceito a não-harmonia que existe no todo, porque ela me faz única; gosto dos meus pés magros, dos meus dedos longos, do meu nariz adunco, e dos cabelos bonitos de vez em quando; adoro a assimetria dos meus membros e o fato de eu ser sinistra; adoro as veias que tornam meu corpo grande um mapa com muitos caminhos; adoro minhas muitas cicatrizes, porque me lembram o que já fiz e por onde passei até chegar aqui; adoro a cor da minha pele e o formato dos meus olhos; adoro o estalar dos meus ossos quando ando ou me espreguiço; adoro meus dentes separados e minhas largas ancas; adoro minhas orelhas frias e minha boca costurada; adoro ser um abraço macio e um aperto de mão forte; adoro os pulsos finos e adoro também saber que nenhuma das minhas unhas é igual, ou ainda que meu nariz é torto. Adoro o rubor das minhas faces e a curvatura dos meus cílios; adoro o arquear da minha sobrancelha direita; adoro minha risada extravagante, meu colo e meu olhar.
A beleza está nos olhos de quem vê.