sábado, 28 de fevereiro de 2009

Karla = Márcia + Carlos

Sou a junção dos dois, do melhor e do pior.
Karla é o resultado, hoje, de 24 anos de experiências múltiplas, felizes, tristes, frustrantes, difíceis, arrependidas, sábias... Karla é o resultado de tudo pelo que passou.
Karla ainda busca sua participação especial nesse mundo. Conta ainda com a idéia de ser chamada para fazer a diferença. Pensa nisso desde a infância, esperando o dia em que alguém fosse olhá-la e estendesse-lhe a mão.
Ainda busca a aprovação do outro para existir.
Espera ser salva e resgatada porque seu pai não estava lá, e sempre foi assim, ele nunca veio, e nunca virá. Nem ele, nem qualquer outro homem.
Um senhor de cabelos brancos e barrigudo, como o seu pai, foi o que sempre esperou. Queria que essa pessoa chegasse e lhe dissesse que tudo estaria resolvido, que ela não deveria se preocupar com mais nada.
Mas no fundo, sempre soube que nada disso existia...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Les Bibous

Adoraria poder sentir novamente o perfume que marcou minha infância. Não que eu o tenha usado durante toda a meninice, mas aquele foi o melhor cheiro que uma infância poderia ter.
Na cidade em que morávamos, houve um tempo em que os perfumes franceses eram mais baratos do que na maioria dos outros lugares que os vendiam. Adorava aquela loja e todas as fragrâncias que misturadas, ficavam com cheiro de “sofisticação”.
Adorava as pequenas amostras, em pequenos vidrinhos, que longos, pareciam miniaturas de tubos de ensaio...
Acho que tive dois vidros do perfume tão especial. Les Bibous era o nome. Sua cor era âmbar, como a da maioria, o vidro era redondo e fosco, e seu nome era escrito em azul, numa letra cursiva, como aquelas de caderno de ortografia. A tampa era de plástico, no formato de um elefantinho azul, sentado. A caixa também era azul, e tinha elementos circenses desenhados sob um céu lindamente estrelado.
E o cheiro, ah... o cheiro! Não sei descrevê-lo, apenas afirmo que ele me evocava boas lembranças.
O último frasco que tive foi quebrado acidentalmente pelo marido de uma tia, na casa da qual passávamos férias forçadas, já que meio que estávamos “fugindo” de um namorado desequilibrado da minha mãe, na época.
Meu “tio” pediu desculpas. O perfume estava sobre o balcão da pia do banheiro. Ele fora lavar as mãos, e ao estendê-las para secá-las na toalha, esbarraram no perfume, que se espatifou no chão.
O banheiro ficou cheiroso por dias, e eu fiquei sem meu perfume. Restou-me apenas a tampa de elefantinho, que eu sempre cheirava para recordar... durante um bom tempo, o elefantinho serviu como adorno na decoração dos quartos que eu criava para as minhas bonecas. Durante um bom tempo, o pequeno elefante azul me acompanhou, de brincadeira.
Não lembro que fim ele teve, mas seja lá qual tenha sido, arrependo-me. Não deveria nunca tê-lo deixado.
Já procurei em inúmeras lojas de perfumes, em sites na rede, mas nunca mais ouvi falar daquela fragrância. Às vezes, acho que aquele doce perfume só existiu para mim, para me dar algum conforto de sentido. Seu aroma fez com que fases não tão boas não fossem lembradas como fases totalmente ruins.
De vez em quando – e hoje mesmo – andando pelas ruas, passo por alguém que exala o cheiro da minha infância, o cheiro doce das minhas recordações...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Temos algo em comum?

Estive pensando sobre filhos, sobre pais, sobre quem somos. Somos realmente parte uns dos outros. Acho que não pensamos muito a respeito quando somos filhos. As coisas parecem bem naturais, e não haveria de ser diferente, mas quando nos tornamos pais é que percebemos com clareza o poder que temos de viver um pouco mais através dos nossos filhos.
Eles, literalmente, são um pedaço de nós, um pedacinho moldável, cheio de potencial, em quem colocamos muitas expectativas.
Esperamos sempre o melhor para este novo ser, este novo EU, que não sou eu, que se formou de um pequeníssimo pedaço meu, mais o pequeníssimo pedaço de outro.
Outro dia ri sozinha quando a ouvi dizer “mãe”. Grande coisa, já ouvi isso algumas milhares de vezes desde que ela aprendera a falar, e mesmo assim, eu ri, e por um segundo pensei nela, e no que é ter um filho.
Ser pai é finalmente acreditar na vida, na continuidade, e ver nos nosso filhos muitas ações, atitudes, vício e virtudes que vemos em nós mesmos.
O que não gostávamos em nossos pais, esforçamo-nos para que não se cristalize na gente, e por mais que combatamos, sempre carregamos algo deles conosco. Coisas boas e ruins, por vezes escondidas da nossa consciência, na tentativa de negar que carregamos o que mais odiávamos neles.
Um dia as crianças também tentarão se livrar das “amarras” que colocamos nelas sem qualquer má intenção.
Bons pais não têm más intenções para com seus filhos, têm somente amor, e um enorme medo de falhar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

TCC... acabou!!!

Oh Deus...

Acabou, e isso é um alívio imenso!!!

Dias e dias lendo, escrevendo, apagando, mudando... Ontem mesmo passei mal, e estava na frente do computador escrevendo as últimas coisas do "bendito"... saí dali, deitei, e dormi pensando no que não tinha concluído, pensando que uma coisa ou outra, poderia ter sido escrita diferente. Não quero mais olhá-lo criticamente, porque sempre vou encontrar algo que poderia ter ficado melhor, mais profundo.

Enfim, é um filho que está para nascer!

E teremos três parteiras para segurá-lo! (Bau, Ramayana e Alessandra) hehehe

Espero que ele seja bem recebido, pois no final das contas, foi feito com amor! =D

Mais uma etapa pela qual espero passar, e que venham muitas outras!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Isto não é um conto, é escatologia

Talvez influenciada pelo estudo do Naturalismo nas Artes, em especial na literária – não, nada disso, para quê mentir?! – eu tenha optado por falar de hábitos normais que as pessoas têm, mas que preferem esconder de todo mundo. Falo por mim mesma e não sou hipócrita, nem tenho aquela frescurada que a maioria tem, “Ai, que nojo!”, “Meu Deus, como você faz isso na frente de todos?”.
Ora, vamos e venhamos! Vai me dizer que você nunca fez nada disso? Daí me pergunta: “O quê, exatamente?”, e eu respondo:
Diga-me sinceramente se você nunca:
a)     arrotou?
b)    Soltou gases, flatos, peidos, arroubos inesperados da natureza?
c)     Coçou o saco?
d)    Tirou a calcinha da bunda porque ela já estava encostando no seu      “âmago”?
e)     Tirou aquela meleca verde e durinha do nariz, e antes de jogá-la fora, fez uma bolota nojenta e jogou na primeira pessoa que apareceu na sua frente?
Na certa, você vai responder que já fez tudo isso, mas lá, bem escondidinho no banheiro, ou em algum canto isolado em que ninguém pudesse ver, ouvir ou sentir aromas putrefatos que emanam do seu corpinho saudável.
Mas agora é que surge o questionamento que não quer calar, assim como aquele arroto de satisfação depois de um gole de Coca-Cola gelada repleta de gás carbônico: Por que esconder? O ser humano tem necessidades fisiológicas, tem instintos, que em determinadas situações nem a etiqueta consegue conter. E tudo são convenções.
Naturalmente, tudo isso é absolutamente normal. Vai dizer que depois de ficar meia hora sentado no vaso sanitário – lendo revistas, jornais, rótulos de desinfetantes, bulas de remédios, ou fazendo força, ou ainda olhando para as paredes – depois de todo esse esforço descomunal, você quer olhar sua “criação”, e não diga que não faz isso. O fato é que após a evacuação, todo mundo olha para a privada! Não minta! Espessura, cor, tamanho, textura... assim como todo mundo também confere o que saiu no papel higiênico, e só lava as mãos quando vê que ficaram com algum resquício da sua “arte”.
Até aí, tudo bem. Ainda estamos no banheiro, ninguém por perto. Talvez você até aproveite o tempo em que está quase “parindo” sua criação marrom, para tirar uma “caca” do nariz e passá-la na parede. Mas devo dizer, que essa atitude eu condeno com veemência, porque “limpar o salão” é normal, mas grudar suas porcarias na parede é porquice das grossas.
Bom, agora você já saiu do banheiro, mas sente que aquele pratinho modesto de feijão, salada de repolho e batata doce ainda não foi digerido por completo, transformando-o num homem-bomba, prestes a explodir ao mínimo sinal de pressão. A primeira vítima é sua mãe, que ordena que você vá arrumar seu chiqueiro, digo... quarto. Sem pensar duas vezes, surge aquela onda e sua calça fica quente... o gás mais denso que o ar se espalha e sua mãe quase desmaia. Embriagada pela “nhaca” que a intoxica, ela não tem forças para dizer que essa não foi a educação que lhe deu, e você sai. No caminho, encontra seu cachorrinho que também é filho de Deus – mesmo que algumas religiões digam que os pobres animaizinhos não têm alma, eles pelo menos têm mais cérebro do que muita gente que conheço – e está doido para dar uma voltinha pelo quarteirão, para demarcar território e sujar os sapatos dos transeuntes distraídos. Então, ele pula na sua perna e começa a trepar com ela, porque nunca, e olhe que ele já tem sete anos e meio, ele nunca cruzou com uma cadelinha. Você fica puto com o quadrúpede e solta um SPM (silencioso, porém mortal) daqueles! O pobrezinho cai com as patas para cima e você dá uma gargalhada maligna.
Aproveitando que está com super-poderes, não perde a oportunidade de infectar o elevador do seu prédio. Daí já viu, não há Bom-Ar que resolva.
Veja só, parece muito engraçada a situação, mas ela é real. Até dos corpos mais bonitos e torneados, até do corpinho de Barbie da Sandy sai merda. Quando morrermos, iremos todos para um buraco, e os vermes nos comerão sem qualquer distinção. Seja você uma velha morfética desgraçada de feia e flácida, ou o Mister Universo 2006.
Sabe quando você está com aquela calça super, hiper, mega, ultra apertada? Ela é tão apertada que até a celulite desaparece por causa da compressão. Então, imagine você dentro dessa calça 36 quando o seu manequim é 48. Às vezes, veja bem, às vezes, essa calça Boby Blues pode fazer com que sua tanguinha da Victoria´s Secret, idêntica a da Gisele Bündchen adentre seu belo rêgo que é depilado com cera fria de abelhas africanas. Nesse caso, restam duas opções: ou você mete a mão por dentro da calça e tira a maldita calcinha da bunda, isso é claro, se a sua mão conseguir entrar lá. Ou então, você é uma diva! Uma garota bem educada e controlada. Jamais teria uma atitude dessas. O óbvio é que vai esperar as três aulas acabarem, para depois ir ao toillete e fazer o que tem que ser feito, sem o conhecimento de ninguém, mas daí não é necessário ter pressa, pois agora além de ser a mais popular, você também é a mais assada do seu grupo de amigas.
Mudando de gênero...
Se você é homem ou nem tanto, mas possui uma bolsa escrotal cheia de chatos, você coça sua trouxinha produtora de esperma. Tudo bem, a parte dos chatos fica para os que não têm amor-próprio. Todo homem coça o saco, não importa muito de onde veio e a educação que teve, pois ele dá aquela puxada, arruma as “coisas”, sabe? E ainda assim, apesar das convenções sociais, isso é considerado normal. Coisas do sistema fálico como já diria a professora Simone Curi.
Arrotar por exemplo. Meu irmão e eu sempre demos altos arrotos! Nossa mãe odiava, chamava-nos de porcos e se perguntava como poderia ter filhos tão degenerados! (mentira, ela nunca nos chamou de degenerados, é só para aumentar o drama!).
Enfim, também devo dizer que me sinto discriminada na universidade em que estudo. Lá, eu solto arrotos homéricos, graves e tão altos, que até me inspiraram a compor um funk de duplo sentido, “Só dá eco à noite”.
Eu arroto e adoro isso! Se você nunca soltou um arrotaço, la la la, não sabe o que é legal. O mais interessante na verdade, é chocar as pessoas, ver o ar de reprovação delas sobre mim, ainda mais por que sou mulher, para a maioria isso é o fim do mundo! Por favor, somos animais, temos educação e boas maneiras, mas não me considero mal-educada porque a sociedade condena esses pequenos atos, dizendo que são algo sujo.
Sujo é você achar um absurdo quando alguém fala “caralho” ou “puta”, mas na hora da sacanagem, manda seu parceiro pôr o caralho para dentro e chamá-la de puta.
Isso é o que chamo de hipocrisia, já que fazemos coisas muito piores e mais podres do que soltar um peido, dar um arroto, ou quando tiramos meleca do nariz. Portanto, não me constranjo em fazer isso na frente dos outros. Que fique aqui claro que não sou uma pessoa avessa ao mínimo de educação, mas que tudo o que escrevi aqui é real, talvez não tão engraçado, mas é real.
E quem ler pode pensar que o meu conto, que de conto não tem muito, é uma afronta, que é forte, que é escatológico demais, mas essas são atitudes humanas, que podem não agradar a todos, mas que todos têm. É como se não acreditássemos que fazemos isso, porque fazemos de forma tão automática, que quando alguém nos mostra parece feio, de mau gosto. Bobagem!
Usando a máxima dos clichês: “Os incomodados que se mudem”... os que não têm cu, que explodam, e os que não arrotam por cima, hão de peidar por baixo!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Passeio Noturno

Em uma aula de linguística ou gramática, não lembro ao certo, a professora nos mandou ler dois contos de Rubem Fonseca: Passeio Noturno e Passeio Noturno II. Ambos são ótimos! - para quem gosta de um estilo mais macabro, digamos.
Depois de lidos, deveríamos escrever a nossa versão dos contos, uma espécie de continuação.
E esta é a minha:

Finalmente é sexta-feira, e eu, como bom trabalhador mereço descanso. Mas não aquele descanso em si, falo daquele outro tipo, daquele que me relaxa mais do que uma dose de uísque ou uma massagem nos pés.
Quero relaxar, e lembro que a filial do inferno fica na minha casa. Meus filhos não se lembram da minha existência a menos que precisem de dinheiro - tenho certeza que devem usar drogas ou no mínimo já devem ter participado de alguma orgia -, e minha esposa passa tanto tempo embriagada, dopada com calmantes ou assistindo a novelas irritantes, que creio, não fazemos sexo há pelo menos dois meses, e da última vez, oh céus! Foi como praticar necrofilia, pois a desgraçada está mais frígida do que um bife de vaca em freezer de açougue.
Eu poderia matar toda a minha família, oh sim, eu poderia. Tenho esse direito! Sou o provedor de tudo. Desde as calcinhas rendadas até os remédios de tarja preta que deixam minha mulher como um zumbi. Mas não, como um bom pai, preservando nosso nome e a tradição familiar, somos felizes! Pelo menos é o que acredita quem vê de fora, e o que importa são as aparências.
Mas dizia eu que queria descansar, e chegando em casa, o panorama é o de sempre. Já nem me lembro mais quando foi a última vez em que vi minha mulher com outro traje que não fosse uma camisola. Nem sei mais se meus filhos têm todos os dentes na boca, se não se perderam em alguma briga, ou se minha filha já abortou um filho indesejado, ou se teve uma doença venérea e, por vingança não infectou todos os seus parceiros.
Sou um pai desatualizado da realidade de minhas crianças... crianças... são apenas sanguessugas... algumas pessoas têm cachorros, você tem adoráveis filhos! A felicidade é constante.
Vendo todo aquele ambiente receptivo, a necessidade de relaxar aumenta, e novamente convido minha esposa para dar uma volta de carro, mesmo sabendo que ela não iria comigo nem até a cozinha. Com sua negativa, dou um longo suspiro de alívio, jogo a gravata sobre a cama, troco a roupa usada o dia inteiro por uma bermuda, camiseta e tênis. A noite está agradável, e antes mesmo de sair de casa, já sei para que lado da cidade rumar.
Tiro o carro da garagem, desço para apreciar por um momento o "gatinho' que adorna seu capô, e percebo que há uma pequena mancha de sangue seco da noite anterior. Oh homem! Que descuido! Desse jeito logo seu carro atrairá moscas varejeiras, afoitas por um pedaço de carne pendurado no paralama... realmente um descuido. Apanho dentro do carro uma toalinha, dou-lhe uma cuspidela e esfrego gentilmente sobre a mancha, que logo desaparece e novamente faz a pintura reluzir sob a luz do poste.
Agora sim, pronto para a caçada!
Saio em direção ao sul da cidade, lá as ruas são escuras e ermas. E hoje, estranhamente, apesar de ser véspera de fim de semana, estas ruas estão ainda mais desertas e ainda mais lúgubres, o que a mim só causa excitação, pois quanto maior é a demora em encontrar a presa certa, mais estimulado me sinto a continuar.
Passo por uma, duas, três ruas, até que na quarta surge alguém. Que sorte! Pelo menos era o que parecia, até eu ver a pessoa direito. Como já estava com os faróis apagados, acendo-os e o que vejo me deixa profundamente atordoado. Era uma mulher, andava capenga das duas pernas. Parecia se arrastar constantemente, levava embrulho semelhante ao da mulher que atropelei outro dia, e estava pintada de sangue como ela, depois de ter ido parar no muro. Não! Não! Não! Não pode ser! Eu a matei, não há dúvidas! Consegui até ouvir seus ossos se partindo contra meu carro!
Acelerei, mas não foi em sua direção. Segui reto, acreditando que de lá seguiria para casa e beberia para relaxar, talvez já tivesse ido longe demais, precisava de outras formas de entretenimento. Era isso.
Tentando me controlar - tudo isso é fruto de todo o estresse e pressão que sofro naquela maldita companhia -, vou seguindo até chegar em uma outra região mais movimentada. Lá senti-me mais seguro, não fosse pelo fato de eu olhar para o banco do carona e ver Ângela, isso me fazia crer que logo eu estaria compartilhando os remédios de minha esposa. A maldita piranha estava com a cabeça rachada, sem a mandíbula, braços quebrados como todo o resto do corpo, e ainda por cima pingando sangue no meu banco de couro! Orgulhei-me pela qualidade do serviço, mas também quase urinei nas calças de tanto medo da criatura bizarra, que certamente fora morta por mim ainda ontem!
O pavor aumentou ainda mais quando ela virou-se para mim e com o olho direito quase saindo da órbita, deu uma piscada mórbida e balbuciou que agora era a minha vez. Freei bruscamente no meio da rua, eram 23h27. Desci do carro abruptamente e o ônibus que vinha em direção contrária à pista em que eu estava me levou... Levou-me sem parada para o inferno. O baque foi grande. O torpor tomou conta de mim, mas ainda pude ver que minha cabeça subia e batia no asfalto diversas vezes, pois ficou presa à roda do ônibus, até se esfacelar por completo, e toda minha massa encefálica ficar espalhada pela pista, junto com as minhas vísceras esmagadas e minha pele esticada como um balão estourado em festa de criança.
Parece que amanhã não terei um dia terrível na companhia.