quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Les Bibous

Adoraria poder sentir novamente o perfume que marcou minha infância. Não que eu o tenha usado durante toda a meninice, mas aquele foi o melhor cheiro que uma infância poderia ter.
Na cidade em que morávamos, houve um tempo em que os perfumes franceses eram mais baratos do que na maioria dos outros lugares que os vendiam. Adorava aquela loja e todas as fragrâncias que misturadas, ficavam com cheiro de “sofisticação”.
Adorava as pequenas amostras, em pequenos vidrinhos, que longos, pareciam miniaturas de tubos de ensaio...
Acho que tive dois vidros do perfume tão especial. Les Bibous era o nome. Sua cor era âmbar, como a da maioria, o vidro era redondo e fosco, e seu nome era escrito em azul, numa letra cursiva, como aquelas de caderno de ortografia. A tampa era de plástico, no formato de um elefantinho azul, sentado. A caixa também era azul, e tinha elementos circenses desenhados sob um céu lindamente estrelado.
E o cheiro, ah... o cheiro! Não sei descrevê-lo, apenas afirmo que ele me evocava boas lembranças.
O último frasco que tive foi quebrado acidentalmente pelo marido de uma tia, na casa da qual passávamos férias forçadas, já que meio que estávamos “fugindo” de um namorado desequilibrado da minha mãe, na época.
Meu “tio” pediu desculpas. O perfume estava sobre o balcão da pia do banheiro. Ele fora lavar as mãos, e ao estendê-las para secá-las na toalha, esbarraram no perfume, que se espatifou no chão.
O banheiro ficou cheiroso por dias, e eu fiquei sem meu perfume. Restou-me apenas a tampa de elefantinho, que eu sempre cheirava para recordar... durante um bom tempo, o elefantinho serviu como adorno na decoração dos quartos que eu criava para as minhas bonecas. Durante um bom tempo, o pequeno elefante azul me acompanhou, de brincadeira.
Não lembro que fim ele teve, mas seja lá qual tenha sido, arrependo-me. Não deveria nunca tê-lo deixado.
Já procurei em inúmeras lojas de perfumes, em sites na rede, mas nunca mais ouvi falar daquela fragrância. Às vezes, acho que aquele doce perfume só existiu para mim, para me dar algum conforto de sentido. Seu aroma fez com que fases não tão boas não fossem lembradas como fases totalmente ruins.
De vez em quando – e hoje mesmo – andando pelas ruas, passo por alguém que exala o cheiro da minha infância, o cheiro doce das minhas recordações...

4 comentários:

  1. Que legal esse texo. Esse perfume também lembra muito a minha infância. Entrei no google e botei "les bibous" na pesquisa, porque eu também queria comprar outro, mas nunca achei. Mas eu ainda tenho um restinho dele, que a minha mãe ganhou há muuuito tempo. tava sentindo o cheiro dele enquanto lia isso. ele ta tão velho, ja venceu há anos, ta amarelado, mas ainda tem uma última borrifada, que eu não vou usar, pra poder ficar cheirando. se eu pudesse deixava umas gotinhas dele com você, pra você cheirar também. Um abraço, Isabela.

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  2. Ah! Digita "les bibous phillippe vullion" na pesquisa, talvez vc ache algo.
    Isabela

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  3. Oi, sei que já faz tempo desse post mas se quiser tenho o perfume e quero vende-lo... Se tiver interesse só falar...

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  4. E como eu entro em contato com você, Rebecca?

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